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Serra da Mantiqueira: três rotas para os adeptos das pedaladas

Circuito Serras Verdes de Cicloturismo estruturou um circuito interligando 20 cidades; São 612 km dque podem ser percorridos em etapas

A mistura não poderia ser mais instigante: bicicleta, montanhas, estradas de terra, vilarejos e culinária local. As belas paisagens da serra da Mantiqueira se incumbem de seduzir os visitantes. Eles nunca vêm sozinhos, trazendo sempre suas bikes como companheiras da jornada. Desde a pandemia, o cicloturismo tem crescido de forma exponencial em Minas Gerais, numa “explosão” de rotas em diversas regiões do Estado. Esse turista tem gosto não só pelos pedais, mas principalmente pela imersão na natureza e por experiências diferenciadas. Uma dessas rotas, a Serras Verdes de Cicloturismo, nasceu e se estruturou na pandemia, impulsionada pelo programa Reviva Turismo, da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), um conjunto de políticas públicas lançadas na época para direcionar a retomada do setor do turismo. Ao se inscreverem no edital e serem selecionados, os organizadores da rota se animaram e iniciaram a estruturação de dois outros percursos, além da já criada Rota Marrom, ligando 20 municípios integrantes do Circuito Serras Verdes do Sul de Minas.

Com percurso de 612 km, as três rotas são interligadas e foram denominadas por cores: inspirada no Caminho de Santiago de Compostela, a Rota Marrom – A Força da Terra (foto acima, crédito Clodoaldo Costa), com 187 km, é percorrida 80% em estradas de terra e passa por quatro municípios do Caminho da Fé, trajeto que liga Águas da Prata à basílica de Nossa Senhora Aparecida (SP): Tocos de Moji, Estiva, Consolação e Paraisópolis. A rota também percorre Congonhal, Senador José Bento, Conceição dos Ouros e Cachoeira de Minas. A Rota Verde – O Esplendor das Matas, com 240 km, engloba cidades que fazem parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Fernão Dias, entre eles, Extrema, Camanducaia, Monte Verde, Sapucaí-Mirim e Gonçalves – a exceção é Córrego Bom Jesus. Por fim, a Rota Azul – O Fascínio do Céu, que tem 185 km, reúne cidades com elevada altimetria, em uma região considerada por astrônomos com as condições ideais para a observação de estrelas: Cambuí, Bom Repouso, Bueno Brandão, Munhoz, Toledo, Itapeva e Senador Amaral, sendo essa última uma das cidades mais altas de Minas, a 1.481 m de altitude.

Devidamente sinalizados e testados (foto acima, crédito Everton Melo), os circuitos demoraram dois anos para serem estruturados. Primeiro, foram realizados o mapeamento da região, os levantamentos de GPS, um estudo de interligação das cidades e a estruturação dos caminhos, com a ajuda, inclusive, de moradores locais. Um site também foi criado para servir de ferramenta para o cicloturista se autoguiar pelos caminhos, com GPS, informações sobre altimetria e a localização de meios de hospedagem, restaurantes e apoios logísticos durante o percurso. Clodoaldo Antônio da Costa, gestor do Circuito Serras Verdes do Sul de Minas, destaca a segurança da rota: “Além de bem-sinalizadas, todas têm pontos de apoio, como telefone, internet e oficinas de bike. A rota é autoguiada, mas o ciclista pode contratar empresas de cicloturismo”. Das quatro empresas cadastradas no site, está a Montanhera, de Cláudio Passos (@csmpassos ou @montanhera.oficial), que oferece serviço de apoio, transporte de bagagem e suporte mecânicos nos trajetos.

Apoio

A Montanhera auxilia desde o cicloturista iniciante, aquele que ainda não tem muita intimidade com a bike nem segurança de viajar sozinho, até o mais experiente, que só precisa do transporte de bagagem de um local para o outro durante o percurso (na foto acima, a Rota Azul, crédito Clodoaldo Costa). O pacote completo inclui receber o cicloturista e dar apoio no transporte de bagagem e na logística de cada percurso, fazendo um acompanhamento ao longo da rota. O custo é de R$ 1.100 para cinco dias. Há, ainda, a opção de incluir os hotéis no pacote, ao custo de R$ 1.800. O preço depende do número de dias, do nível de hospedagem e da rota escolhida. Se o serviço tiver apenas o transporte de bagagem, o preço é a partir de R$ 600. “Por ser um circuito novo, a procura pelos Serras Verdes tem aumentado, mas boa parte do meu atendimento é o Caminho da Fé”, esclarece Passos, que também oferece roteiros personalizados de um ou dois dias a cicloturistas. “Essas cidades do Serra Verde têm um grande número de atrações naturais, como cachoeiras, mirantes e trilhas, sem contar a gastronomia e os atrativos na área urbana”, destaca.

Inscrição e certificado

O ciclista entra no site, faz a inscrição em um formulário e recebe um passaporte para imprimir e carimbar em seis pontos de apoio. Ao concluir todos os percursos, ele ganha um certificado de conclusão. Cada rota está dividida em cinco etapas, com percurso de, em média, 50 km por etapa. Desde que foram criados, 519 pessoas percorreram os caminhos. Mas esse número pode não refletir a realidade. A Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) instalou um contador eletrônico na Rota Marrom (foto acima, Everton Melo) e contabilizou, em média, 120 ciclistas por dia. “A região da Mantiqueira é muito procurada por causa da natureza, das paisagens e da gastronomia”, salienta Costa. No caminho do visitante, estão plantações de morango, olivais, criadouros de trutas, cachaçarias, apiário, cafés especiais, queijos artesanais e mercearias em áreas rurais. 

Pesquisa realizada entre 15 de janeiro e 19 de fevereiro deste ano pela Aliança Bike com 355 lojistas de todo o país revela uma queda de 35% no faturamento de bicicletas vendidas em 2022, na comparação com 2021. No ano passado, foram vendidas 3,77 milhões de unidades, contra 5,8 milhões em 2022. Apenas 50% das lojas consultadas venderam até cem unidades de bicicleta em 2023. Os motivos para a queda foram a saturação do mercado e o cenário econômico.

Kahuan Teixeira (foto acima, crédito Clodoaldo Costa) percorreu a Rota Verde, a mais longa, em apenas quatro dias. O indicado no site é fazer o trajeto em seis dias. O fotógrafo de 35 anos tem o cicloturismo como hobby e já fez trajetos como Vale Europeu e a Patagônia no pedal. Na viagem mais longa, viajou de São Bento do Sapucaí, no Sul de Minas, até o Rio Grande do Sul. Sua próxima viagem será pela Rota Azul, em agosto. O cicloturista considera a Rota Verde um nível intermediário de dificuldade:”90% são estrada de terra e passa por locais muito isolados. É um circuito muito voltado para o mountain-bike”. Ele aconselha a quem quer fazer a Rota Verde estudar o percurso, observar em quantos dias consegue fazer e levar um kit de reparo para o caso de alguma eventualidade e água, se o viajante não pretende contratar um apoio. 

“Apesar de passar por minha cidade, São Bento do Sapucaí, a maioria dos trechos eu ainda não conhecia: Córrego do Bom Jesus, Cambuí, Extrema e Monte Verde. Essas são regiões muito bonitas. Para quem gosta de pedalar em montanha é um parque de diversões. Não é um percurso tão duro, mas se a pessoa fizer conforme está no descritivo, observando os níveis de altitude, a quantidade de dias e o grau de dificuldade, ela consegue fazer um passeio gostoso. O caminho é muito bem-sinalizado: passa sempre por cidades, tem pontos de apoio, lugar para pegar água. E todo o percurso é muito bonito”, afirma.  O cicloturista considera a Rota Verde um nível intermediário de dificuldade:”90% são estrada de terra e passa por locais muito isolados. É um circuito muito voltado para o mountain-bike”. Ele aconselha a quem quer fazer a Rota Verde estudar o percurso, observar em quantos dias consegue fazer e levar um kit de reparo para o caso de alguma eventualidade e água, se o viajante não pretende contratar um apoio. 

Para saber mais sobre as rotas, acesse Cicloturismo Serras Verdes.

FONTE O TEMPO

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