Após décadas em ruínas, estação ferroviária de 1869 e inaugurada por Dom Pedro II, está na reta final da restauração
O município de Chiador, na região da Zona da Mata, guarda uma das maiores riquezas do período imperial do Estado: a primeira estação ferroviária de Minas Gerais. Inaugurada por Dom Pedro II. O cartão postal da cidade com quase 3 mil habitantes está sendo restaurado há menos de dois anos e deve ter as obras finalizadas entre janeiro e fevereiro de 2025.
Segundo a coordenadora municipal de cultura, Maximina Maria Pereira Itaboray, trata-se de um patrimônio da cidade, tombado pelo município e que está a 5 km da sede. “É uma estação ferroviária de 1869 que fica na área rural próxima à divisa do município carioca de Três Rios. Ele estava em ruínas, e a Eletrobras assumiu o restauro do imóvel”, informa.
De acordo com informações divulgadas pela Eletrobras, atualmente a restauração está com 60% dos serviços concluídos e o processo conta com investimento de R$ 9,5 milhões, além da geração de 20 empregos diretos.
“Foram concluídas etapas importantes do projeto, como a instalação da nova cobertura do armazém, torreões e plataformas de embarque; estruturas metálicas; paredes em alvenarias de pedra; e piso da área externa. No momento, estão sendo instalados portas, janelas, forros, assoalhos e feito o assentamento de piso no interior da edificação”, explica a Eletrobras em comunicado.
Maximina Itaboray explica que, as intervenções, assim como o investimento para as obras partem de um acordo de ação judicial entre a companhia de energia elétrica com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“É um acordo compactuado em compensação há uma construção de barragem de produção de energia concluída há 12 anos no Rio Paraíba do Sul e que um trecho desse rio corta o nosso município de Chiador”, diz.
A barragem a qual ela se refere foi instalada na cidade vizinha de Mar de Espanha durante a construção da hidrelétrica estatal Furnas Centrais Elétricas S.A.
A coordenadora lembra que além de Chiador, outros três municípios foram, na época, impactados pelas obras da barragem. “Esse empreendimento provocou impactos geológicos, assim como também mudou parte do percurso do rio, e resultou no deslocamento dos moradores. Então, o restauro da estação ficou como parte da negociação que foi retomada”, pontua.
Prefeitura busca documentos para obter a posse da estação ferroviária
As obras da ferrovia são aguardadas pela população e pelo poder público municipal, que espera a finalização do restauro do imóvel e a entrega das chaves para começar a atuar no espaço.
“Vamos nos reunir com o conselho municipal da cultura para ver a forma de conduzir o uso do espaço, pois é de interesse que o imóvel seja utilizado pela população“, afirma Maximina Itaboray.
Como o interesse é de que o local seja de uso público, a prefeitura busca recursos que possam colaborar com uma solicitação formal de direito de posse do imóvel que deve ser enviada nos próximos dias à Diretoria de Infraestrutura Ferroviária do, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
“Até o ano de 1996, o imóvel pertencia à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Estou fazendo a busca por documentos, pois quero saber se o município consegue obter o direito de posse, já que é de nossa intenção que a estação seja de acesso ao povo”, explica a coordenadora municipal de cultural, que conclui: “A estação é um imóvel muito bonito e a restauração que está sendo realizada busca trazer os elementos da construção original”, resume.
A RFFSA foi uma empresa estatal brasileira que era responsável por administrar e gerir o transporte ferroviário que cobria boa parte do território brasileiro. A empresa foi criada em 1957, no Rio de Janeiro e extinta em 1999.
FONTE DIÁRIO DO COMÉRCIO