“Você age como líder de Governo”, disparou Igor; “aqui, não vai levar no grito”, atacou Averaldo; “na atual administração não vai ter vereador dando ordem de serviço em obras”, insinuou Koelhinho
A eleição municipal em Congonhas parece ainda não ter terminado, pelo menos no clima que domina as sessões da Câmara, cujas pautas são extensas, se delongam por mais de 4 horas com debates acalorados, provocativos e polarizados. Na manhã desta segunda-feira, 28 de abril, a tensão entre os vereadores atingiu tal nível que a reunião precisou foi suspensa por cinco minutos e, em seguida, encerrada de forma abrupta em meio ao bate boca generalizado.
Na sessão, o Vereador Igor de Souza Costa (PL) voltou a criticar a gestão do prefeito Anderson Cabido (PSB), questionando especialmente a decisão da Prefeitura de romper o contrato com a empresa responsável pela limpeza urbana e contratar, em caráter emergencial, outra prestadora de serviços. Igor ainda sugeriu que a Procuradoria do Município comparecesse à Câmara para prestar esclarecimentos sobre a situação no dia 27 de maio. A Vereadora Simonia Magalhães (PL) também fez críticas já que, segundo ela, seu nome foi alvo de chacota internamente na gestão.
Quando pior, melhor
O início do estopim foi o discurso do Presidente Averaldo Pica Pau (PL) que criticou a tese do “quanto pior, melhor”. “Quero fazer algumas pontuações, uma volta ao passado, uma reflexão para não cometer os mesmos erros do passado. Fui base no governo passado e hoje assumi uma posição de independência. Mas o que eu vejo é que estamos na minha linha e no mesmo desenho dos últimos 4 anos. Fiquei quebrando pedra como a mão, fiscalizando, mas não vamos passar pano seja em qualquer governo. Eu fiz requerimento para instalação de CPI, na gestão passada, mas não quero aqui fazer apologia do quanto pior, melhor. Precisamos representar os anseios da população e não de nossos próprios interesses. Nem tudo que reluz é ouro e temos que ter cautela. Temos que trabalhar com fatos. Vivenciei aqui CPI sendo instalada e sepultada por alguns. Congonhas não pode continuar nesta política que sempre foi feita. Está dado o meu recado”, provocou.

Discurso de líder de governo
Em seguida, o Vereador Igor Souza (PL) usou o grande expediente para retrucar e contrapor seu colega. “Não ocuparia este espaço, mas seria impossível não vir aqui. Acredito que foi infeliz (Averaldo) ao misturar a diferença em ser presidente e o papel de vereador. O presidente tem de defender a unidade do legislativo e principalmente garantir o direito de posicionamento de cada um. Tenho percebido que o senhor está fazendo papel de líder do governo. Eu vir aqui fazer apontamentos, fazer questionamentos, isso é o meu papel e isso não abro mão. Afirmar que tem gente fazendo negociação, isso está errado. Foi falado mandato anterior mataram uma CPI. Não pode ter essa fala. Usar a tribuna sem citar os nomes, citar de forma generalizada, isso não pode. Negociar dá a entender que tem algo de ilícito. Então, continuo respeitando o vereador e mais ainda o presidente. Não vamos retaliar se apresentamos verdades. O posicionamento de cada um é de cada um. Fiquei surpreso com seu discurso. Vou seguir meu mandato da maneira que acho que devo fazer. Não vou mudar”, pontuou.

Não vai levar no grito
Averaldo voltou ao discurso e citou que não cederia às pressões. “Sei da diferença entre vereador e presidente. Eu trabalho na linha que acredito e vim aqui cuidar da instituição. Agora querem terceirizar para o presidente o papel do Ministério Público. Na gestão passada, o senhor se posicionou contra a PCI e comissão processante. Sempre emitiu suas opiniões. Agora, colocar pressão em mim, isso não vai funciona. O jogo em cima de mim não funciona. Não vou conduzir a casa por causa de um ou dois vereadores. Agora querem terceirizar as responsabilidades e não vou agora ceder a pressão desse ou daquele vereador. Comigo não funciona levar no grito”, contra atacou.
A voz do líder de governo: desânimo com o Legislativo
A troca de farpas continuou, e o vereador e Líder do Governo, Koelhinho (PV) também subiu o tom e apimentou a troca de farpas: “O Anderson não é o Dinho. Não esperem desonestidade do Anderson”. Ele ainda insinuou que “tem vereador aí preocupado as empresas dos seus amigos empresários”, o que gerou ainda mais indignação entre os parlamentares.
Koelhinho disparou que tem trabalha desanimado com o Legislativo nesta legislatura ao trocar pautas coletivas por debates por interesses pessoais. “Estou desanimado como andam as discussões nesta Casa. Ainda estão achando que, como na gestão anterior, quem vai dar ordem de serviço é vereador. O atual governo não vai ser como o governo passado e esta postura desagrada muitos aqui. Muitos estão aqui falando de coisas que não interessam a nossa população. Estão pensando no mandato para manter o poder. Toda semana tem BO nesta Casa e Congonhas é maior que nós 13 vereadores. São coisas absurdas que vejo nestes debates. O Anderson não tem como resolver os problemas em 4 meses. Toda a semana falam em registro de atas. Isso é feito em todo o Brasil. Qual a ilegalidade? O prrédio da Câmara foi reformado através desta modalidade de licitação”, encerrou.

Fim da sessão
Assim que o Vereador Koelhinho deixou a tribuna, os Vereadores Igor, Galileu (Podemos) e Robertinho (PSD), pediram imediatamente a questão de ordem, mas o presidente não concedeu. Em meio a polêmica instalada, a sessão foi suspensa por 5 minutos. Na volta, o bate-boca prosperou com ânimos inflamados. Sem clima, o presidente encerrou a sessão, em meio ao possível esvaziamento do plenário. O clima esquentou e promete novos capítulos.