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De piada a potência, a história da cidade de Minas Gerais que se tornou o maior polo de tecnologia da América Latina

Conheça como a cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, superou a reputação de isolamento para se tornar um dos mais importantes centros de produção e inovação tecnológica do Brasil.

Uma cidade no interior de Minas Gerais, antes conhecida pejorativamente como o “fim do mundo”, reescreveu sua própria história. Santa Rita do Sapucaí superou o estigma de isolamento e se transformou no Vale da Eletrônica, um reconhecido polo de desenvolvimento e produção de tecnologia. Essa extraordinária metamorfose, que levou o município de uma piada a uma potência, não aconteceu por acaso. Ela foi impulsionada por uma visão de futuro e por um investimento estratégico e pioneiro na educação.

O sonho que transformou uma cidade mineira

Antes da década de 1950, Santa Rita do Sapucaí tinha sua economia baseada na agricultura e pecuária, um cenário comum no interior do Brasil. A grande virada começou com a visão de Luzia Rennó Moreira, conhecida como Sinhá Moreira. Após uma viagem ao Japão, ela percebeu que o futuro das nações estava na tecnologia, e não mais no campo.

Com a convicção de que a eletrônica poderia ser o motor de desenvolvimento para sua cidade natal, Sinhá Moreira decidiu agir. Sua iniciativa de fundar uma escola técnica de eletrônica em um ambiente rural e tradicional foi um ato audacioso e visionário, que plantou a semente para a revolução tecnológica que estava por vir.

A criação da ETE e do Inatel em Minas Gerais

A visão de Sinhá Moreira se materializou em 1959, com a fundação da Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” (ETE FMC). A instituição foi um marco histórico: a primeira escola de eletrônica de nível médio de toda a América Latina. A ETE foi o ponto de virada definitivo para a cidade, atraindo jovens de todo o país e iniciando a mudança no destino do município.

O sucesso da ETE abriu caminho para o passo seguinte. Em 1965, foi fundado o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), a primeira faculdade de Engenharia de Telecomunicações do Brasil. O Inatel nasceu para dar continuidade ao pioneirismo da ETE, elevando o nível da formação oferecida e consolidando a base educacional que sustentaria o futuro polo tecnológico.

O nascimento das empresas de tecnologia

Imagem: Prefeitura de Santa Rita do Sapucaí
Imagem: Prefeitura de Santa Rita do Sapucaí

A consolidação de Santa Rita do Sapucaí em Minas Gerais como o Vale da Eletrônica ocorreu de forma orgânica. A partir da década de 1980, ex-alunos da ETE e do Inatel, equipados com conhecimento técnico de ponta, começaram a fundar suas próprias empresas na cidade. Em vez de migrar para grandes centros, eles criaram oportunidades localmente.

Esse movimento de “empreendedorismo acadêmico” foi o principal motor da industrialização. O apelido “Vale da Eletrônica” surgiu nessa época e se transformou em uma marca forte, comunicando a nova identidade da cidade para o Brasil e o mundo, e atraindo talentos e investimentos.

Um ecossistema de inovação em Minas Gerais

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Atualmente, o Vale da Eletrônica em Minas Gerais é um ecossistema maduro e vibrante. A cidade abriga mais de 170 pequenas e médias empresas que atuam em setores diversos como telecomunicações, automação industrial, software e eletromedicina. Essa diversidade garante a resiliência e a capacidade de adaptação do polo.

A estrutura de apoio é robusta, incluindo o Arranjo Produtivo Local (APL) Eletroeletrônico Sul Mineiro e o Sindicato das Indústrias (Sindvel). O Inatel evoluiu e hoje também atua como um grande fomentador de ideias, com programas de incubação e aceleração de startups. Eventos como a Feira Industrial do Vale da Eletrônica (Fivel) e o HackTown fortalecem o networking e mantêm o ecossistema na vanguarda da inovação.

As lições de Santa Rita do Sapucaí em Minas Gerais

A jornada de Santa Rita do Sapucaí oferece lições valiosas. O sucesso do Vale da Eletrônica demonstra a importância de uma visão de longo prazo, do investimento pesado em educação de qualidade e do fomento a um ambiente colaborativo. A forte ligação entre academia e indústria é, sem dúvida, seu maior diferencial.

Embora a alegação de ser o “maior polo de produção da América Latina” careça de dados comparativos que a sustentem de forma conclusiva, a cidade é, inegavelmente, um dos mais importantes e pioneiros centros tecnológicos do Brasil. Seu foco agora se volta para desafios futuros, como Indústria 4.0 e Inteligência Artificial, provando que a pequena cidade de Minas Gerais que era o “fim do mundo” continua a construir um futuro inovador.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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