Ervália (MG) – Uma operação conjunta entre a Polícia Militar de Meio Ambiente e fiscais do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) resultou em uma série de autuações e no desmantelamento de um esquema de abate clandestino de animais, maus-tratos, poluição ambiental e obstrução à fiscalização. A ação ocorreu na última sexta-feira (4), em uma propriedade rural no município de Ervália, na Zona da Mata Mineira, e gerou mais de R$ 500 mil em multas.
A fiscalização foi deflagrada a partir de denúncias encaminhadas pela Ouvidoria-Geral do Estado de Minas Gerais e formalmente requisitada ao Núcleo de Denúncias e Requisições (NUDEN). Ao chegarem ao local, os agentes avistaram um homem na propriedade que fugiu ao perceber a presença das autoridades. Outro suspeito, identificado posteriormente como sócio do empreendimento, também teria escapado.
No local, as equipes constataram fortes indícios de abate irregular de bovinos e flagraram graves violações sanitárias e ambientais. Foram encontradas quatro carcaças de gado com sinais de abate cruel, sem uso de pistola pneumática — conforme exige a legislação. Vísceras estavam espalhadas pelo chão, carnes penduradas fora da câmara fria, sangue armazenado em baldes e até um gato circulando entre os restos dos animais.





Chamou atenção a presença de uma marreta de grande porte, indicando abate com métodos rústicos e cruéis, possivelmente usados como substituição a equipamentos defeituosos. O sistema de tratamento de efluentes também apresentava falhas graves, com resíduos sendo despejados diretamente no solo e em um curso d’água próximo, aumentando o risco de contaminação ambiental.
Além disso, uma caminhonete encontrada no local com resíduos de sangue na carroceria e motor ainda quente indica que carnes estariam sendo transportadas de forma irregular, sem qualquer controle sanitário.
Irregularidades e autuações
Diante do cenário, foram lavradas multas com base no Decreto Estadual nº 47.383/2018, totalizando R$ 503.321,00, com os seguintes enquadramentos:
- Abate de animais de grande e médio porte sem licença ambiental;
- Poluição do meio ambiente com lançamento irregular de efluentes;
- Maus-tratos com óbito de animal (uso de marreta);
- Obstrução da ação fiscalizatória.
A equipe também identificou a apresentação de documentação ambiental incompatível com a atividade exercida, o que pode configurar crime de falsidade documental ambiental. O sócio que se apresentou espontaneamente ao local não foi preso por não se enquadrar nas condições de flagrante, mas será investigado.