Reconhecimento internacional destaca o Pix como modelo de inovação financeira pública, ampliando o debate sobre o papel do Brasil no cenário global e impulsionando discussões sobre pagamentos digitais, inclusão financeira e novas tecnologias bancárias.
O sistema de pagamentos instantâneos Pix, criado e administrado pelo Banco Central do Brasil, recebeu destaque internacional após análise do economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia.
Em sua coluna, Krugman reconheceu o Pix como referência global em inovação financeira e levantou a questão: “O Brasil inventou o futuro do dinheiro?”
A repercussão ocorre em meio ao crescente debate sobre moedas digitais e novas tecnologias financeiras.
As informações foram inicialmente publicadas pelo portal UOL e repercutiram entre especialistas do setor econômico nesta terça-feira (22).
Pix como inovação financeira e reconhecimento internacional
Segundo reportagem publicada pelo UOL, Krugman utilizou sua coluna semanal para analisar os sistemas de pagamento nos Estados Unidos e comparou-os ao Pix, que, para ele, representa o futuro do dinheiro.
O economista defendeu que o Brasil demonstrou ser possível criar um sistema digital de pagamentos acessível, seguro e de baixo custo para toda a população.
O Pix, administrado de forma pública e gratuito para pessoas físicas, tornou-se símbolo de inclusão financeira e de inovação no setor bancário mundial.
A análise de Krugman ganha ainda mais relevância no contexto recente, conforme destacou o UOL, em que o governo dos Estados Unidos decidiu abrir uma investigação sobre o sistema de pagamentos brasileiro.
Essa decisão pode gerar novas sanções comerciais e tarifas contra o Brasil.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados americana aprovou legislações que estimulam o crescimento das stablecoins — moedas digitais atreladas a ativos estáveis —, e proibiu o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, de criar ou estudar uma moeda digital própria, chamada de Central Bank Digital Currency (CBDC).
Debate nos Estados Unidos e comparação com o sistema brasileiro
De acordo com apuração do portal UOL, Krugman ressaltou o contraste entre o debate americano e a experiência brasileira.
Nos Estados Unidos, o avanço de um sistema público de pagamentos digitais enfrenta resistência do setor financeiro privado e de representantes políticos, especialmente do Partido Republicano.
Entre os argumentos contrários, prevalece a preocupação com privacidade e possíveis riscos de vigilância estatal.
Entretanto, segundo o economista, o governo americano já detém acesso a dados pessoais em outros setores.
O economista americano explicou ainda que, embora bancos americanos já utilizem contas no Federal Reserve para transferências eletrônicas, a população ainda não tem acesso a um sistema público comparável ao Pix.
No Brasil, o Banco Central implementou o Pix para pessoas físicas e jurídicas, garantindo agilidade, custos reduzidos e facilidade de uso.
Em contrapartida, segundo Krugman, nos Estados Unidos há forte resistência do setor financeiro à criação de um sistema público que concorra com produtos privados.

Dados, alcance e custos do Pix
Conforme o UOL destacou, Krugman comparou o Pix ao Zelle, sistema de pagamentos operado por consórcio de bancos privados americanos, e afirmou que o Pix é mais intuitivo, acessível e abrangente.
Dados recentes do Banco Central do Brasil apontam que, em 2025, cerca de 93% dos adultos brasileiros já utilizam o Pix, um índice superior ao uso de criptomoedas nos Estados Unidos, onde apenas 2% da população empregou moedas digitais para compras ou pagamentos em 2024.
Segundo informações do Fundo Monetário Internacional (FMI), repercutidas pelo UOL, o Pix permite liquidação quase instantânea das transações, com média de apenas três segundos por pagamento.
Já nos Estados Unidos, operações com cartão de débito podem levar até dois dias, e as de crédito quase um mês.
Além disso, no Brasil, pessoas físicas não pagam taxas pelo Pix, enquanto empresas pagam tarifa média de 0,33% por transação, abaixo das cobradas em cartões de débito (1,13%) e crédito (2,34%).
Inclusão financeira, segurança e avanços futuros
O UOL também ressaltou que Krugman considera que o Pix já entrega, na prática, o que defensores das criptomoedas prometem, mas não conseguiram realizar: inclusão financeira e baixo custo operacional.
O economista ainda enfatizou que o sistema brasileiro proporciona segurança, praticidade e não apresenta os riscos de perda de chaves criptográficas comuns em transações com moedas digitais.
Ainda de acordo com reportagem do UOL, a visibilidade internacional do Pix se fortalece enquanto o Banco Central do Brasil prepara a introdução do Drex, moeda digital oficial que será integrada ao ecossistema Pix e ampliará o alcance dos pagamentos digitais.
Para Krugman, a experiência brasileira mostra que soluções inovadoras podem surgir sob regulação estatal, desde que exista interesse público e vontade política para superar resistências de grupos econômicos já estabelecidos.
Barreiras à adoção internacional e perspectivas para o Pix
O portal UOL ainda destacou a avaliação de Krugman sobre as barreiras para que um sistema similar ao Pix seja implementado nos Estados Unidos.
Ele aponta a forte influência do setor financeiro e a visão política de que o governo não deve competir com a iniciativa privada como principais obstáculos.
Assim, o Brasil se mantém na vanguarda dos pagamentos digitais, enquanto os Estados Unidos seguem condicionados por interesses do setor financeiro e debates ideológicos sobre o papel do Estado.
A ascensão do Pix como exemplo internacional de inovação e eficiência levanta novas questões sobre o futuro dos meios de pagamento no mundo.
O sistema brasileiro se consolidou como alternativa inclusiva e eficaz, atraindo o interesse de economistas, países e organismos multilaterais.
Diante desse cenário, será que outras nações seguirão o caminho do Brasil e buscarão alternativas semelhantes para promover a inclusão financeira?
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS