×

Brasil tem mais bois do que gente: o país abriga 238 milhões de cabeças de gado e ultrapassa em 12% sua própria população humana, revela o IBGE

Pecuária brasileira impressiona com 238,2 milhões de bovinos e mostra por que o país é uma potência mundial na produção de carne

O Brasil vive uma realidade curiosa: há mais bois do que pessoas em território nacional. Segundo dados de 2024 da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país contabiliza 238,2 milhões de cabeças de bovinos, número 12% superior à população brasileira, estimada em 212,6 milhões de habitantes. Essa diferença reforça o papel do Brasil como um dos maiores produtores e exportadores de carne do planeta.

Embora o volume total de animais tenha registrado uma leve queda de 0,2% em relação a 2023, o país ainda mantém o segundo maior rebanho bovino desde 1974. Essa redução, segundo o IBGE, é explicada pelo aumento no abate de fêmeas, etapa natural do ciclo pecuário que visa ajustar a oferta e os preços no mercado.

A analista da pesquisa, Mariana Oliveira, explica que esse movimento faz parte da lógica de mercado da pecuária. “Há alguns anos, o abate de fêmeas está elevado, em função dos preços do bezerro e da arroba, o que desestimula a retenção de vacas para reprodução”, disse.

Mato Grosso lidera com 32,9 milhões de cabeças; produção de leite atinge recorde histórico e movimenta R$ 87,5 bilhões

O levantamento detalha que o abate de bovinos cresceu 3,3% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, somando 10,4 milhões de cabeças, enquanto o avanço frente ao primeiro trimestre foi de 5,4%. A produção de carne bovina, medida em carcaças, subiu 1%, totalizando 2,63 milhões de toneladas.

Mas o grande destaque do setor foi o recorde na produção de leite, que atingiu 35,7 bilhões de litros, alta de 1,4% sobre o ano anterior, com R$ 87,5 bilhões em movimentação econômica. Curiosamente, o número de vacas ordenhadas caiu ao menor nível desde 1979, indicando maior produtividade no campo.

Os estados com maior rebanho bovino continuam sendo:

  • Mato Grosso – 32,9 milhões de cabeças;
  • Pará – 25,6 milhões;
  • Goiás – 23,2 milhões;
  • Minas Gerais – 22 milhões;
  • Mato Grosso do Sul – 18,7 milhões.

Essas cinco unidades da federação concentram quase metade do gado brasileiro e representam o coração da pecuária de corte e leite do país. Conforme dados do IBGE, o abate de fêmeas e o aumento das exportações vêm redesenhando completamente o ciclo dos bovinos.

Abate de fêmeas cresce 16% e exportações impulsionam o mercado da carne bovina

De acordo com o veterinário Urbano Gomes, da Embrapa, “a carne de vaca é a mais comum nas mesas brasileiras”, já que os machos são direcionados para exportação, enquanto as fêmeas abastecem o mercado interno. Ele explica que, embora o sabor seja quase idêntico, o boi engorda mais lentamente, o que o torna ideal para cortes mais nobres.

Esse comportamento influenciou o aumento de 16% no abate de fêmeas em comparação ao mesmo período de 2024. Somando vacas e novilhas, as fêmeas representaram 33% dos abates totais, superando os machos pela primeira vez desde 1997. No geral, o abate bovino nacional subiu 3,9%.

A gerente de Pecuária do IBGE, Angela Lordão, destaca que o fenômeno está diretamente ligado à demanda crescente por exportações. “O abate de animais jovens foi recorde, especialmente de novilhas (33%), impulsionado pelo comércio internacional”, afirmou. Mesmo com a queda do abate total em Mato Grosso, o abate de fêmeas continuou maior do que no ano anterior.

Exportações em alta e previsão de queda na produção de carne em 2026

Mesmo com as tarifas impostas pelos Estados Unidos, o Brasil manteve o ritmo nas vendas externas de carne bovina. Os norte-americanos caíram da segunda para a quinta posição entre os maiores importadores, enquanto o México triplicou suas compras entre janeiro e julho em comparação a 2024.

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) prevê alta de 12% nas exportações totais em 2025, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta queda de 3,5% na produção nacional de carne bovina em 2026, reflexo da retenção de fêmeas para reprodução, parte natural do ciclo pecuário brasileiro.

Ainda conforme a Conab, a contenção das vacas para reprodução deve reduzir temporariamente a oferta de carne, mas tende a elevar os preços e fortalecer o mercado interno no médio prazo.

Fêmeas dominam o abate e confirmam mudança de ciclo na pecuária nacional

segundo trimestre de 2025 foi marcado pelo abate recorde de novilhas, com 1,7 milhão de cabeças, contra 377 mil novilhos. Essa proporção inédita demonstra a mudança estrutural da pecuária, com foco em eficiência genética e custo reduzido.Play Video

Ao contrário do senso comum, nem toda vaca vai para o abate apenas ao fim da vida produtiva. Existem criadores especializados em bovinos de corte, voltados exclusivamente à produção de carne. As vacas engordam mais rápido, demandam menos pasto e ração, e permitem retorno financeiro mais rápido, ao contrário dos bois, cujo ganho de peso é mais lento.

Esse novo perfil de produção reforça a força da pecuária brasileira, que, mesmo enfrentando oscilações de mercado, segue como líder global em exportação de carne e referência em genética animal e produtividade no campo.

A informação foi originalmente divulgada pela Gazeta do Povo, com base em dados do IBGE, da Conab e da Abiec.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

Receba Notícias Em Seu Celular

Quero receber notícias no whatsapp