Vídeo gravado na escola mostra centenas de crianças no pátio assistindo à apresentação. Vestida com uma máscara de cavalo, dançarina simula movimentos de galope
O vídeo de uma apresentação de dança no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Luiz Carlos Prestes, na Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, viralizou e, diante da polêmica, a prefeitura abriu uma sindicância para investigar o caso.
O episódio ocorreu no último dia 22 em uma performance da companhia Suave, que em 2022 venceu um edital público de R$ 50 mil para apresentações e oficinas nas escolas.
Vestida com uma máscara de cavalo, uma dançarina do grupo simula movimentos de galope com conotação sexual ao som de um funk cujo trecho da letra diz “galopa, galopa, depois senta e rebola”. No início da apresentação, um integrante do grupo, sentado, põe a cabeça entre as pernas da dançarina.
O vídeo gravado na escola mostra centenas de crianças no pátio assistindo à apresentação. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, o grupo havia indicado que o espetáculo tinha classificação livre.
A Secretaria Municipal de Educação abriu uma sindicância para investigar o caso, e diretores de quatro escolas municipais do Rio foram afastados – além do Ciep da Cidade de Deus, escolas na Maré, no Engenho da Rainha e no centro da cidade haviam firmado acordo para receber o grupo. E as apresentações do grupo foram proibidas.
Em vídeo publicado nesta terça (29/8), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), se disse indignado com a apresentação e afirmou que vai “endurecer o controle” sobre atividades na rede municipal.
“Recebi esse vídeo absurdo e queria entender o que passa na cabeça de alguém que acredita que isso aqui é algo que possa ser apresentado para crianças. Reagi como qualquer pessoa lúcida: com muita indignação e repúdio”, disse Paes.
“Vamos endurecer o controle sobre qualquer apresentação, atividade, ou palestra feitas nas escolas municipais da cidade. Não admito que a gente desperdice tempo e exponha as crianças a esse tipo de conteúdo.”
O prefeito disse ainda que a companhia Suave agiu de “má-fé” ao afirmar à prefeitura que o espetáculo era de classificação livre.
Procurados, os integrantes do grupo não responderam às mensagens enviadas pela reportagem, e os perfis da companhia Suave nas redes sociais foram deletados.
A dançarina Thamires Cândida, que no vídeo aparece com a máscara de cavalo, se defendeu em um vídeo publicado no TikTok. Segundo ela, a versão da música tocada na escola diz ‘cavalo danado’, e não “cavalo tarado”.
“Para quem está julgando [dizendo] que é do diabo, vão ter Deus no coração. As crianças estão muito felizes, não tem nada demais e a música foi modificada para uma versão light.”
AUTOR DO FUNK CRITICA GRUPO
Em post no Instagram, MC Cavalo, autor do funk, criticou a versão da música usada na escola pela companhia Suave. Segundo ele, há uma versão voltada para o público infantil, na qual trechos da letra são modificados. “O cavalo está no cio”, por exemplo, vira “o cavalo está no sítio”, ele diz.
“Eu conheci a peça teatral através das redes sociais. Achei bacana a apresentação. O ponto negativo é a versão utilizada. Em 2014 tivemos a ideia de modificar a letra da música justamente para não acontecer o que aconteceu. Eu pedi para utilizarem a versão infantil”, disse o MC.
FONTE ESTADO DE MINAS