Por que tentam excluir filosofia e sociologia do currículo escolar?

Sociólogo, Cesar Callegari é autor do parecer de 2008 que colocou as duas disciplinas como obrigatórias nas escolas. Também critica a reforma do ensino médio e orienta para a valorização da formação docente, que deveria atuar em um modelo similar ao adotado no Itamaraty

Proibidas nas escolas em 1971, na ditadura, e substituídas por educação moral e cívica, filosofia e sociologia voltaram em 1986 no Brasil como optativas, mas só em 2008, quase 40 anos depois, foram retomadas como matérias obrigatórias no ensino médio, após parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), sob a autoria de Cesar Callegari.

Recentemente, estão sendo novamente excluídas do currículo obrigatório, desta vez pelo novo ensino médio, aprovado no governo Temer e que, devido a críticas, está em processo de mudança no atual governo. Governos estaduais ajudam nesse equívoco, como o estado de SP que as tem excluídas.

Sociólogo, Cesar Callegari é presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada. Foi secretário de Educação Básica do MEC e secretário de Educação do município de São Paulo, entre outras funções que o colocam como especialista em políticas públicas. Membro por 12 anos do Conselho Nacional de Educação, presidiu a Comissão de Elaboração da Base Nacional Comum Curricular, contudo, deixou em 2018 o cargo por discordâncias no encaminhamento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Confira a entrevista:

Por que filosofia e sociologia são temidas, desvalorizadas e tidas como comunistas no Brasil e mundo?

Isso é uma visão atrasada do processo educacional. Nunca, em toda a história da humanidade, foi tão importante a construção de um pensamento crítico e competência criativa. Hoje há uma abundância de informações e temos de fazer um esforço em todo o processo educacional — infantil, fundamental, ensino médio, superior e educação ao longo da vida — para que as pessoas tenham consciência do contexto, origem das coisas, como se manifestam, os vários ângulos.

Em contraposição, há quem ache que a educação deve ser puramente instrumental, principalmente para as camadas populares, como se conhecimento, o aprendizado de língua portuguesa e matemática parasse em pé sozinho. É necessário ter significado e relevância, duas categorias que devem andar juntas, e exatamente quando se aprofunda em conhecimentos de filosofia e sociologia, o aprendiz mergulha nas origens tanto do pensamento, das forças sociais, culturais, políticas, voltando-se também à contextualização das informações do conhecimento e das atitudes em relação à vida. Isso é temido porque o conhecimento é libertário e meio conhecimento não é liberdade, não é autonomia. Ou seja, forças conservadoras que querem conservar seus privilégios para continuarem a exercer dominação social e política temem que uma visão mais crítica a elas possa contestar os elementos de status quo, daí o medo, por exemplo, do pensamento crítico.

Muitas aulas de filosofia e sociologia não eram lecionadas por professores(as) formados(as) nessas áreas — aos poucos isso vem mudando. Como fazer uma boa aplicação dessas aulas?

Todos os professores, não apenas de sociologia e filosofia, devem proporcionar que seus alunos sejam bons perguntadores: criar perguntas com fundamento, compreenderem que as dúvidas são próprias do processo de conhecimento e que não são ameaças ao próprio saber do professor, mas um caminho para a exploração. Então, os professores de filosofia e sociologia, ao tratarem da origem do conhecimento, dos grupos sociais, origem das diferenças dos conflitos de poder, devem dar elementos para que os estudantes possam construir boas perguntas sobre tudo — sobre as disciplinas, sobre a vida, sobre aquilo que está estabelecido, inclusive as relações de poder entre professor e aluno.

Já a formação de professores é deficiente no Brasil. Temos hoje um apagão do magistério em praticamente todas as áreas — falta professor de sociologia, química, matemática e filosofia. Sabemos que a maioria dos que estão se formando hoje para serem professores frequentam licenciaturas a distância de precaríssima qualidade na maior parte dos casos. Claro que há exceções de boas universidades e faculdades, mas a regra é um sistema que está funcionando há muito tempo sob os olhos fechados do Ministério da Educação, que permite a precariedade na formação inicial de professores. Além disso, a formação inicial e continuada precisa desenvolver não apenas propostas curriculares, mas proporcionar aos professores domínio dos métodos e técnicas de ensino e aprendizagem para aí sim eles compreenderem como incentivar os estudantes a fazerem perguntas.

Você é o autor do parecer de 2008 do CNE e aprovado no Congresso que coloca filosofia e sociologia como obrigatórias no ensino médio. Quase 10 anos depois, a BNCC as altera novamente. Como avalia avanços e retrocessos das políticas públicas?

O currículo sempre é um campo de disputa política e ideológica. Não há neutralidade em qualquer tipo de formulação curricular como não há neutralidade em absolutamente nada do conhecimento, muito menos no campo da educação escolar. Sendo um campo de disputa, as forças conservadoras, que ganharam espaços de poder nos últimos anos no Brasil e mundo, têm receio desse processo livre de questionamento e criatividade, o que explica alguns retrocessos na área da educação.

Tudo bem transformar as disciplinas em áreas do conhecimento, o problema na reforma do ensino médio é que as áreas do conhecimento vieram desprovidas propositalmente do cuidado essencial de trazer ao estudante os elementos teóricos e conceituais que são próprios de cada uma dessas disciplinas, oferecendo algo apenas genérico. Então, professores de biologia foram obrigados a darem aulas de química sem conhecimento, assim como os de filosofia pegaram informática para cumprirem a grade de aulas. A reforma se transformou em um festival de improvisos.

Quando era presidente da Comissão Bicameral encarregada da Base Nacional Comum Curricular do CNE, deixou o cargo em 2018 por discordâncias. Fale mais sobre o seu posicionamento

A reforma do ensino médio foi proposta pelo governo Michel Temer e veio com a característica reducionista de direitos de aprendizagem, esse talvez seja o principal ponto que me levou à oposição da BNCC do ensino médio e da reforma. A redução de 2.400 horas de um direito do estudante de conhecimento geral para 1.800 horas significa reduzir possibilidades de aprendizagem, o que é inaceitável. Com isso vem a pergunta: quais conhecimentos ficam de fora para espremer o currículo?

Já na Base Nacional Comum Curricular do ensino médio entregue ao Conselho Nacional de Educação, os problemas foram aprofundados, conforme detalhei na resposta anterior. O terceiro ponto são os itinerários formativos completamente vazios. Quando falamos da Base Nacional Comum Curricular desde a lei do Plano Nacional de Educação, inclusive eu sou autor desse trecho da lei, a BNCC era uma necessidade, porque deveria ser a expressão, a enunciação dos direitos e objetivos de aprendizagem do desenvolvimento das crianças, jovens e adultos brasileiros. Mas os itinerários formativos vieram ausentes desses direitos de aprendizagem, se tornando uma revogação de direitos.

Também sou contra que qualquer etapa da educação básica seja feita a distância, porque é na escola, no convívio, que se desenvolve uma série de valores próprios das necessidades de um mundo contemporâneo, como o respeito à diversidade, à capacidade de construir e trabalhar de maneira colaborativa.

Por isso que hoje os profissionais educacionais mais avançados são aqueles que trabalham com a educação baseada em projetos e colaborativa: fazer perguntas, construir hipóteses, buscar respostas em torno dessas hipóteses. É na educação básica que se deve aprender que nada se constrói sozinho e que há contradições nesse coletivo, porque as pessoas são diferentes. A educação mais avançada considera todas essas variáveis não como um problema, mas como uma grande vantagem e é isso que, às vezes, aqueles detentores do poder não querem, uma vez que aspiram por pessoas que consumam pequenos pacotinhos prontos de informação sem que processem isso na forma de conhecimento. Nós aprendemos quando criamos.

Cesar Callegari
Enem deveria se chamar Exame Nacional da Educação Básica, porque é ela inteira que precisa ser avaliada.
(FOTO: Gustavo Morita/ Revista Educação)

Filosofia, sociologia e artes foram reduzidas do currículo escolar 2024 do estado de SP e colocadas em itinerários formativos. Já português e matemática tiveram aumento de carga horária. Essa mudança tem ligação com as notas do Saeb e Ideb devido a uma preocupação com rankings ou é um olhar para a aprendizagem?

É uma visão rasa e pobre do processo educacional se o governo e gestores do estado de São Paulo estiverem guiados para ir bem na nota; rankings não podem de jeito nenhum nos guiar a respeito do compromisso do gestor público de proporcionar o direito a uma educação de qualidade consistente. Mas, aqui vejo uma concepção mais grave e perigosa: transformar a formação da educação básica jovem paulista numa educação pobre para os pobres, achando de maneira equivocada que apenas língua portuguesa e matemática são suficientes — já que a gente não consegue assegurar o conhecimento mais amplo, então para os pobres basta isso. Mas se continuar proporcionando educação pobre, o estado está condenando uma parcela significativa da população a uma cidadania precária em uma contemporaneidade que em qualquer tipo de ocupação se exige conhecimento cada vez mais profundo e crítico. É um projeto de dominação de poder das elites hegemônicas no Brasil, não todas as elites, mas as hegemônicas sempre se valeram da sonegação do direito à educação de qualidade como o direito de todos, com uma forma de controle social e de dominação política e de opressão. Temos de combater esse projeto.

Entre os reflexos das desigualdades brasileiras está o desestímulo e/ou impossibilidade do estudante de concluir o ensino médio. Em que tipo de política pública para a juventude acredita e como implantá-la?

Primeiro ponto é reconhecer que temos não uma juventude, mas juventudes, com muitas características, condições, anseios diferentes. Reconhecer essa diversidade entre os diferentes segmentos das juventudes é fundamental para a construção não de uma política, mas políticas que digam e que sejam significativas para essas várias juventudes. O segundo ponto é que o ensino médio tem de se tornar relevante para o estudante não na perspectiva de proporcionar acesso à educação superior e a um bom emprego. Tem de ser relevante para que o estudante se torne relevante, que ele se encontre, que tenha compreensão mais completa da sua origem e possibilidades, inclusive participação na sociedade e também na política, não partidária, mas de exercício do poder, condições e direitos ainda desiguais no Brasil. Para ter relevância, o ensino médio precisa ter, volto a dizer, uma estratégia de currículo que preconize a produção autoral e colaborativa desse estudante com base no experimentalismo, numa educação baseada em projetos e, claro, proporcionando condições de acordo com as necessidades de cada grupo social dessas juventudes.

Muitos jovens brasileiros precisam de suporte para poder estudar no ensino médio, só que apenas dar uma bolsa é importante, mas não suficiente. A suficiência vem da construção e implementação de um currículo que proporcione essa relevância coletiva dos diferentes segmentos da educação dos jovens brasileiros.

E a nova proposta do atual MEC para o novo ensino médio? Merece ser aprovada?

Merece, ainda que eu defenda alguns ajustes. O mais importante é que o governo se empodere da condição de liderança necessária para que os governos estaduais, que são os principais responsáveis pelo ensino médio, possam implementar essas mudanças com responsabilidade. Tem de ter força democrática.

O segundo ponto é investir, tem de dar condições materiais para que os estados avancem. Contudo, nenhuma educação de qualidade, do ensino infantil ao superior, vai progredir no Brasil se continuarmos a admitir a precarização da formação inicial dos professores brasileiros. O Brasil precisa tomar uma decisão corajosa e política de formar uma nova geração de professores. Temos condições para isso e essa nova geração precisa de um programa federal, com carreira federal, salários diferenciados, ou seja, criar na sociedade a condição de uma profissão que encante os melhores entre os melhores, é disso que o Brasil precisa. Mas qual é a coragem política de a gente se valer dos talentos que temos nas universidades? Seria algo parecido com a entrada no Itamaraty, que necessita de um concurso no Instituto Rio Branco, em que há um salário e visão a respeito do seu desenvolvimento. O Brasil precisa tomar essa decisão porque todo o resto é importante, mas é paliativo se não tomarmos a decisão estratégica e politicamente corajosa de construir já uma nova geração de professores no Brasil. Nós precisamos nesses próximos 10 anos formar 300 mil professores para a educação básica.

Camilo Santana afirmou que o Enem não mudará este ano. Nisso, há quem defenda uma entrada para o ensino superior similar à dos EUA, com nota pela soma da trajetória e não mais o atual modelo do Enem. O que acha?

O ideal é uma avaliação em processo durante todo o ensino médio. Aliás, ele deveria começar já no último ano do ensino fundamental, servindo de um ‘filme’ do processo evolutivo e de desenvolvimento do jovem que vai se submeter a um exame nacional no final da educação básica. Não deveria se chamar Exame Nacional do Ensino Médio, mas Exame Nacional da Educação Básica, porque é ela inteira que precisa ser avaliada. E é claro que um novo Enem precisa estar baseado na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio.

O Enem exerceu até hoje posições positivas em sua essência. Ele é um farol, um ponto de chegada. A própria maneira como o Enem tem se organizado, proporcionando, exigindo ou cobrando dos alunos um processo cada vez mais de interligação de áreas do conhecimento acaba induzindo mudanças no processo de ensino e aprendizagem. Com isso, espera-se que a educação básica ofereça uma visão mais crítica, interpretativa e questionadora e essa etapa precisa proporcionar que as crianças e jovens sejam rebeldes com causa, porque é na causa que existe o conhecimento necessário para projetos coletivos.

FONTE REVISTA EDUCAÇÃO

Projeto cadastra currículos para vagas destinadas a PCDs

Interessados podem se cadastrar gratuitamente pelo site oficial do Imepp ou pelo e-mail

O Instituto de Atendimento Socioassistencial (Imepp) está cadastrando currículos para preenchimento de vagas direcionadas a Pessoas com Deficiência (PCDs). A iniciativa é realizada por meio do projeto União Solidária, que visa ser uma ponte entre empresas com oportunidades de trabalho disponíveis e indivíduos interessados em integrar o mercado formal de emprego.

Há mais de três décadas, a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91) estabelece medidas para a contratação desse grupo específico. A legislação determina que empresas com 100 funcionários ou mais reservem uma porcentagem de vagas para PCDs, podendo variar de 2% a 5%, de acordo com o tamanho do quadro de empregados.

Luiz Fernando Freesz, presidente do Imepp, acredita que há diferentes oportunidades de ocupação para PCDs em Juiz de Fora e região, visto que empresas que não cumprem a legislação estão sujeitas a multas, podendo chegar a até R$ 228 mil. “Quase a totalidade dessas empresas que têm a obrigatoriedade de contratar passam por dificuldades para cumprir a lei porque não conseguem ter efetividade na contratação”, destaca. Dessa forma, o objetivo do projeto é facilitar o processo de recrutamento, garantindo o sucesso tanto para as empresas quanto para os candidatos.

Além de encorajar empresas da região a se unirem à iniciativa, reconhecendo a diversidade de talentos que as Pessoas com Deficiência podem contribuir às organizações, o Immep oferece, também, apoio na adaptação dos PCD’s ao ambiente de trabalho, incluindo treinamentos necessários. Os interessados podem cadastrar os currículos, gratuitamente, pelo site oficial do Imepp ou pelo e-mail cadastropcd@imeppif.com.br.

Inclusão ainda é baixa no país

Dados disponibilizados pelo Imepp mostram que o Brasil conta com, aproximadamente, 18,6 milhões de Pessoas com Deficiência. No entanto, em 2022, apenas 25,6% dos PCDs concluíram o Ensino Médio, enquanto 57,3% das pessoas sem deficiência atingiram esse nível de instrução. Da mesma forma, a participação de pessoas sem deficiência no mercado de trabalho era de 66,4% e, dos PCDs, a taxa era de somente 29,2%.

FONTE TRIBUNA DE MINAS

Tragédia de Mariana: falso frei mentiu currículo e já ganhou R$ 2 mi da Renova

Nomeado perito, Phillip Machado inventou graduações e ligação com Igreja Católica 

A Fundação Renova já pagou quase R$ 2 milhões a um falso frei – suspeito de fraudar graduações acadêmicas – pela realização de perícias determinadas pela Justiça no processo de reparação dos atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015. Philip Neves Machado foi nomeado em abril de 2022 como perito socioeconômico junto às comunidades da bacia do Rio Doce para produzir relatórios auxiliares à 12ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte, responsável pelo caso. Até o ano de nascimento do frei é um mistério: oficialmente ele tem 43 anos, mas alega ter 53.

Nascido em Belo Horizonte, Phillip Neves Machado foi escolhido como perito pelo juiz federal responsável pelo caso, Mário de Paula Franco Júnior, que deixou o processo em setembro.

O caso

A Fundação Renova já pagou quase R$ 2 milhões a um falso frei – suspeito de fraudar graduações acadêmicas – pela realização de perícias determinadas pela Justiça no processo de reparação dos atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015. Philip Neves Machado foi nomeado em abril de 2022 como perito socioeconômico junto às comunidades da bacia do Rio Doce para produzir relatórios auxiliares à 12ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte, responsável pelo caso. Até o ano de nascimento do frei é um mistério: oficialmente ele tem 43 anos, mas alega ter 53.

Phillip Machado em entrevista à Itatiaia

Nascido em Belo Horizonte, Phillip Neves Machado foi escolhido como perito pelo juiz federal responsável pelo caso, Mário de Paula Franco Júnior, que deixou o processo em setembro. Na decisão em que indicou o frei, o juiz reforça o currículo do escolhido: doutor em Geopolítica e Conflitos Internacionais pela Pontifícia Universidade Gregoriana, na Itália, mestre em Filosofia pela Universidade de Coimbra, em Portugal, mestre em Teologia pelo Instituto Santo Inácio de Loiola, professor convidado da Universidade Católica de Lisboa, consultor internacional da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Questionadas pela reportagem, a ONU e a Unesco negaram que Phillip Machado já tenha atuado em ações das entidades. “Não foram encontrados registros”, afirma a ONU à Itatiaia. A Universidade Católica de Lisboa disse não ter informações sobre ele. A Pontifícia Universidade Gregoriana não oferece o curso em que ele diz ter concluído o doutorado. A reitoria do Instituto Santo Inácio de Loiola, em Belo Horizonte, não encontrou seus registros como aluno. O frei também não possui currículo lattes, plataforma destinada a divulgar experiências acadêmicas e validar diplomas. Como perito judicial, Machado está escalado para produzir relatórios “em especial nos temas relacionados aos atingidos, movimentos sociais, indígenas, quilombolas, demais povos tradicionais e assessorias técnicas”. 

Nos últimos três dias, a reportagem questionou Phillip sobre as incoerências do currículo enviado à Justiça federal e as negativas da Arquidiocese. Inicialmente, ele insistiu que provaria tudo “pessoalmente”. Depois, na terça-feira (30) pela manhã, afirmou que enviaria um e-mail com todas as provas. No início da noite de terça, Phillip bloqueou a reportagem no WhatsApp e não atendeu mais às chamadas.

Phillip Machado foi nomeado perito judicial no processo pelo juiz Mario de Paula, então responsável pelo caso na 4ª Vara Federal

O religioso

A reportagem fez contato com Arquidioceses e membros da Igreja Católica e ninguém confirmou que Phillip Machado já atuou como religioso.

A Arquidiocese de Mariana, assim como a de Belo Horizonte, nega que ele tenha passado por lá ou tenha o termo de uso – a permissão para se identificar como frei ou frade. “Da porta da igreja para dentro eu sou o frei Phillip, da porta da igreja para fora eu sou apenas o Phillip. Não é fácil conciliar (o trabalho religioso com o de perito) mas dá, eu não tenho paróquia nem nada disso, eu sou um religioso, então dá sim”, afirmou à reportagem.

“Senti vocação religiosa lá pelos 15 anos de idade. Meu primeiro seminário foi o de São José de Mariana, pra você ver como estou ligado lá desde sempre. Lá foi minha primeira experiência vocacional, indicado pelo sacerdote que me orientava, que era o pároco da matriz da Boa Viagem, em Itabirito, onde tenho muitos familiares. Sempre tive muita proximidade com ele. Lá comecei a minha caminhada vocacional. Depois fui estudar em Portugal e em Roma”, afirmou Phillip Machado à Itatiaia.

A terceiros, Phillip costuma afirmar que faz parte da Ordem Premonstratense, ramo da Igreja Católica ligado às doutrinas de Norberto de Gennep, santo holandês. A reportagem procurou representantes da Ordem de São Norberto em Contagem, onde funciona a única organização de Premonstratenses na Grande BH e, mais uma vez, ninguém soube reconhecer o frei.

Em outras ocasiões, Phillip chegou a dizer que atuaria como capelão de “um convento de freiras em BH, celebrando todos os dias às 6 horas”. O relato é do ex-padre Gilson José, que atuou na Arquidiocese de Mariana por mais de 20 anos e que mantém atuação na região. “Ele disse isso a um grupo durante o almoço, mas olhando direto para mim, que fui padre”, conta.

Comprovante de transferência de R$ 434 mil a Phillip

“Um simples jogo”

Uma pesquisa na internet revela uma coincidência curiosa. O nome do frei Phillip Machado aparece em um fórum, de 2004, feito por adolescentes que jogavam um game em que era preciso criar um império e simular a gestão deste país. O “Reino Imperial de Reunião”, que fez sucesso na internet entre os anos 1990 e 2000, manteve o registro de parte da troca de mensagens entre os usuários. Entre eles, consta o “Cônego Frei Phillip Baeta Neves Machado OPraem”.

Em setembro de 2004, ele se identificava no game como “único sacerdote católico verdadeiro tanto macro quanto micro nacionalmente, desempenhando minhas funções pastorais como capelão do Colégio Santa Marcelina em Belo Horizonte. Graduado em Letras. Pós-Graduado, Mestre em Filosofia e Teologia, pela Universidade de Coimbra, e pelo Pontifício Instituto Gregoriano de Roma, Doutor em Geopolítica e conflitos Internacionais pela UMA-MG, (o que motivou minha entrada como observador e depois como cidadão em Reunião). Tendo 11 títulos publicados, todos sobre história e geografia, 2 sobre religiosidade, além de literatura e outros títulos em parceria com outros autores, Acadêmico da Academia Mineira Municipalista de Letras, (Cadeira 27 patrono Bernardo de Guimarães) e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas de Geras (Cadeira 94 patrono Barão Von Eschewege), e da Sociedade Brasileira de Cartografia”. Questionado sobre as coincidências relatadas entre a mensagem do game e o currículo enviado à Justiça federal, Phillip inicialmente disse que desconhecia o texto: “Não faço ideia do que seja isso!”. A reportagem, então, procurou ex-jogadores que participavam do fórum online. Em anonimato, eles confirmaram que Phillip integrava o grupo e, inclusive, chegou a participar de encontros presenciais. Ao ser informado disso pela reportagem, Phillip então confirmou que participava do fórum, mas negou ter conhecimento da publicação com o currículo imaginário. “Um simples jogo! Aquilo é uma simulação. Já faz muitos anos. Uma coisa breve. Eu não me lembro de ter publicado aquilo”, afirma.

Explicações

Phillip Machado tem ou não formação para ser frade? Ele afirma que pediu a suspensão do termo de uso à Igreja em Roma. A reportagem apurou que, na realidade, um processo de dispensa de ordens, que é a dispensa dos votos da igreja, é habilitado na diocese onde um padre exerce o ministério. Daí, o pedido é enviado a Roma, que responde de volta. Apesar disso, em documentos oficiais enviados à Justiça federal e nas atas de reuniões com atingidos do desastre em Mariana e empresas, Machado mantém na assinatura os termos “Frei” e “O.Praem”, em referência à Ordem Premonstratense. Até mesmo a data de nascimento de Phillip é controversa. No currículo divulgado pela Justiça Federal, consta que Phillip nasceu em 1979 e teria 18 anos quando foi aprovado para a pós-graduação na Universidade de Coimbra. Questionado, afirma que nasceu dez anos antes, em 1969, mas só teve o registro da certidão de nascimento uma década depois.

Sem apresentar provas à reportagem, Phillip garante ter concluído todos os cursos que constam no currículo, que não ter o documento na plataforma lattes é uma “decisão pessoal” e confirma já ter atuado como consultor da ONU, da Unesco e da OEA. 

O trabalho pericial

Previsto no Código Civil, o posto de perito judicial é essencial em um processo complexo. No caso Samarco, por exemplo, um relatório de Phillip Machado auxiliou a Justiça Federal a autorizar o retorno de atividades na usina de Candonga, a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, localizada em Rio Doce. A estrutura foi danificada pela onda de rejeitos gerada com o rompimento da barragem e estava paralisada para reparos desde novembro de 2015. “E realmente não tem problema a retomada de Candonga. Eu conversei com os atingidos e o único impacto com o retorno da usina que apontaram é o receio de que os atuais empregos gerados pela obra na usina acabem sumindo. Ou seja, o medo é que quando a obra acabar, a usina partir, acaba o emprego. Mas não há lógica nisso, a obra não é perpétua, e eu sempre questiono eles de volta, e os empregos que a própria usina vai gerar?”, argumenta Phillip. Além da “perícia” de Phillip, a decisão que autorizou o retorno parcial das operações da usina também contou com o trabalho da auditoria americana Aecom, responsável pela perícia técnica e de engenharia. A escolha de um perito judicial é critério do juiz responsável do caso. Normalmente, o nome do perito chega à Justiça a partir de inscrições em cadastros mantidos pelas Cortes, mas também acontece por meio de apresentações pessoais. Na avaliação do advogado e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias, Francisco Maia, a atuação de um perito pode mudar os rumos de um julgamento. “Sem dúvida pode mudar, uma vez que a escolha do perito em um processo judicial indica que a instrução probatória depende de conhecimento especial de técnico para a apuração dos fatos. O juiz nomeia o perito exatamente porque não dispõem desses conhecimentos”, explica o especialista. Maia afirma, ainda, que a falsificação de currículo para uma nomeação como perito judicial pode configurar crime de falsificação de documento público, documento particular e falsidade ideológica. Em caso de confirmação de fraude às informações levadas à Justiça, o advogado entende que o caso se enquadraria no artigo 158 do código de Processo Civil, que prevê que “o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis”. As atividades previstas no escopo enviado por Phillip Machado à Justiça Federal contêm a realização de reuniões com comunidades de atingidos, indígenas e mediação de conversas entre os grupos e as empresas envolvidas com a Samarco, controlada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton.

Desde que passou a atuar como perito, Phillip Machado já recebeu R$ 1.814.933,00 em honorários periciais – ao todo, foram aprovados R$ 2,7 milhões, que são pagos em parcelas. Esses recursos são arbitrados pelo juízo e pagos, neste caso, pela Fundação Renova, que repassa o dinheiro para a Justiça e, depois, envia para a consultoria de Phillip. A quantia integra os valores que a Renova informa ao Judiciário como despesas de reparação pelo rompimento da barragem. Recentemente, Phillip solicitou à Justiça que os pagamentos passassem a ser feitos direto para a conta da empresa dele, a Saint Norbert Consulting, e não mais para a conta de pessoa física.

Velhos conhecidos

A relação entre Phillip Machado e a Renova, Fundação criada pela BHP Billiton e pela Vale, controladoras da Samarco – a propósito, não começou com a atuação como perito no ano passado. Em 2016, poucos meses depois do rompimento da barragem, o suposto frei integrou o Comitê Técnico da recém-criada Fundação Renova. “Esse comitê não tinha subordinação, era autônomo, transparente, do qual faziam parte pessoas com alta capacitação, enfim, um grupo com viés técnico e autônomo nas suas apresentações. Esse grupo avaliava do ponto de vista técnico em cada área, eu era dos direitos humanos e conflitos”, afirma o religioso. “Eu participei a convite da Renova, mais especificamente da BHP Billiton. Não sei como partiu esse convite, fui convidado a participar desse comitê e por lá participei por quase três anos. E depois continuei ligado ao caso por outras ações dos movimentos sociais e das assessorias técnicas”, afirma.

À Itatiaia, a BHP negou a informação de que teria indicado Phillip para o comitê da Renova: “A BHP Brasil esclarece que as nomeações dos membros do extinto Comitê Técnico eram realizadas exclusivamente pela própria Fundação Renova”. A assessoria da Renova confirmou que Phillip Machado integrou o Comitê Técnico-Científico da fundação entre novembro de 2018 e outubro de 2020, “em conjunto com outros especialistas”. Como ele foi parar no processo judicial? Phillip afirma que o convite se deu justamente pela atuação no comitê e foi feito pelo juiz Mário de Paula. Phillip afirma que chegou a negar o primeiro convite. “Recusei porque não tinha tempo na época, e posteriormente ele insistiu e aceitei. Mas eu colaborei com o caso mesmo não sendo nomeado, ajudava aconselhando, então no segundo convite eu aceitei”. A passagem de Phillip Machado como integrante do Comitê da Renova deixou lembranças no atingido Sérgio Papagaio, coordenador do grupo dos garimpeiros tradicionais do Alto Rio Doce e membro da Câmara Técnica Indígena e Povos e Comunidades Tradicionais. “A primeira vez que ele veio, isso lá em 2016, chegou dizendo que estava fora do processo e que era pra gente explicar tudo, dizendo que a função dele era nos ajudar. Só que, na verdade, ele foi só mais um da Renova. Participamos de duas ou três reuniões com ele em Barra Longa (MG). Dizia que ia ajudar, mas era só mais um atendendo ao rito colocado pela Renova”, conta. Papagaio diz, ainda, ter estranhado quando, depois da pandemia, se deparou com Phillip atuando como perito da Justiça.

“Um tempo depois, estávamos na Câmara Municipal esperando uma reunião com o perito do juiz. E quem é que entra? O Phillip, vestindo já a camisa de outro time, da Justiça, com outra narrativa, dizendo que estava ali para ouvir os problemas e que passaria tudo ao juiz. Foi muito estranho, até porque ele já conhecia a situação toda, já sabia quais os problemas. Para que reunião? Ele foi por quanto tempo funcionário da Renova? Parecia até que ele tinha um alto cargo da Renova, parecia que ele era um dos chefes ali. E de repente ele volta e pergunta as mesmas coisas, com palavras diferentes, para levar ao juiz coisas que ele já sabia. Então ficou muito estranho, nós ficamos assustados”.

Conexões

Antes do convite para integrar o comitê da Renova, Phillip Machado também teve passagens por outras empresas. No início da década, foi representante da Santo Antônio Energia, de Rondônia. Em publicação oficial do governo estadual, de 2015, ele é classificado como consultor de Responsabilidade Social da empresa, responsável pela gestão de uma usina hidrelétrica no norte do país. Em 2010, Philip aparece em matérias oficiais como coordenador de um programa social da ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht. A empresa, depois, mudaria o nome para Odebrecht Agroindustrial e, após a Lava-Jato, para a atual Atvos.   “Eu atuei na Santo Antônio para tratar do subcrédito social, na usina de Santo Antônio em Rondônia. Era para avaliar e cuidar deste investimento, que tratava também de compensar e reparar pessoas de comunidades à jusante e à montante, e eu cuidava disso, de saber se aqueles programas geravam efeito e se havia real compensação nas ações”, argumenta. O rompimento da barragem de Fundão, da mina Complexo de Germano, em novembro de 2015, deixou 19 mortos e um dano ambiental ainda incalculável. A onda de lama e rejeitos que saiu da barragem atingiu o Rio Doce e seguiu destruindo o bioma do corpo d’água até sua foz, no Espírito Santo. Além do dano ambiental e das vidas perdidas, a poluição do rio gerou prejuízo bilionário a cidades, empresas, instituições e comunidades. Em 2016, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pela Vale, BHP, Samarco junto ao MP de Minas e ao MPF determinou a criação da Fundação Renova, planejada para atuar diretamente na indenização e políticas de reparo à sociedade e, principalmente, aos atingidos. Atualmente, a Renova diz já ter repassado mais de R$ 36 bilhões em ações reparativas pelo rompimento da barragem. A propósito, a ideia das mineradoras é usar esse valor como “desconto” na repactuação por Mariana que, atualmente, é negociada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Tribunal Regional Federal (TRF-6) com a União e os Estados de Minas e do Espírito Santo. Para o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), Durval Ângelo, a suspeita de que Phillip Machado possa ter fraudado o currículo acadêmico para atuar como perito judicial é grave. “Esses fatos são gravíssimos. Isso colocaria todo o processo em questionamento, inclusive as conversas sobre a repactuação de Mariana. Neste sentido, confio muito na Justiça Federal. A revisão dos repasses só vai passar pelo TCE depois, na hora das prestações de contas”, diz.  Atualmente, Phillip também é presidente do Instituto Transforma, entidade mantida pela empresa Transforma Energia, do interior de São Paulo, para desenvolver projetos socioambientais. Entre 2018 e 2021, presidiu o Conselho de Administração da Prudenco, a Companhia Prudentina de Desenvolvimento, estatal da Prefeitura de Presidente Prudente responsável pela manutenção da limpeza pública na cidade. Procurado pela reportagem, o TRF-6 pontuou, em nota, que “apurou que a escolha do perito Phillip Machado só pode ser verificada junto ao então magistrado do caso, dr. Mário de Paula (que não se encontra mais em Minas Gerais), uma vez que ele era o responsável pelo caso Samarco na época em que a nomeação de Machado aconteceu. O atual magistrado da 4ª Vara Federal Cível e Agrária (ex-12ª Vara), dr. Michael Procopio Avelar, não teria como responder à questão, porque assumiu o caso somente mais tarde”. A reportagem entrou em contato com o juiz Mário de Paula, que afirmou: “em razão de impedimento legal e ético, não posso comentar sobre processo judicial que está em andamento sob a responsabilidade de outro Juiz”.

FONTE ITATIAIA

Hemominas abre processo seletivo para profissionais de diversas áreas

Vagas para contratação temporária são divididas entre a capital e o interior

Fundação Hemominas abre 128 vagas de contratação temporária, em diversas áreas, para atender à necessidade de excepcional interesse público. As vagas autorizadas no Edital PRE Nº 03/2022 são para as categorias profissionais e unidades disponibilizadas neste link, em “Ofertas de vagas”. A inscrição de candidatos será no período de 21/11 a 2/12/2022, até as 17h. 

Para o preenchimento e cadastro dos dados curriculares, o candidato deverá criar uma conta no Sistema Hemocurrículo, neste  link, observando os pré-requisitos constantes no edital. 

As inscrições somente serão efetivadas a partir da vinculação do cadastro com a vaga oferecida, devendo o candidato cadastrado monitorar a disponibilidade da vaga para a categoria profissional para a qual deseja concorrer. 

Acesse o quadro de vagas aqui

Evento discute implementação da história e cultura afro-brasileira no currículo das escolas de Lafaiete

Aconteceu nesta tarde (24) no plenário da Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete uma mesa redonda para discutir a efetiva aplicação da Lei 10.639 nas escolas municipais.

Fruto de lutas dos movimentos sociais, a Lei 10.639/2003 alterou a Lei de diretrizes e bases da educação nacional, a Lei 9.394/1996, para estabelecer a obrigatoriedade da inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira no currículo das escolas brasileiras, tornando-se uma importante ferramenta para a construção de uma sociedade antirracista, pois torna obrigatório o estudo da.

Sendo professor, o vereador Eustáquio percebeu a importância de iniciar discussões com os movimentos sociais, autoridades educacionais e demais autoridades da nossa cidade, com a finalidade de demonstrar a importância da efetiva aplicação da lei como instrumento de combate ao racismo, já que é pouco aplicada na cidade.

O evento visa fomentar a proposta ouvindo especialistas no assunto e representante de movimentos sociais, sendo que não será o único evento voltado à discussão da questão, pois é necessário que a discussão seja de forma continuada, objetivando sensibilizar a todos os responsáveis sobre a importância do tema.

O encontro terá a participação de profissionais da educação de Belo Horizonte e de São Paulo que trarão suas experiências para implementação e inclusão da temática nas escolas de Lafaiete.

Parceria cria oportunidades de primeiro emprego para jovens entre 16 a 25

A Prefeitura Municipal de Congonhas, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia e da Diretoria de Inovação, Tecnologia e Novos Negócios e o QG, realiza novamente, em parceria com o Instituto Coca-Cola, o Programa Coletivo Online. Se você está pensando no primeiro emprego ou uma vaga no mercado de trabalho e tem entre 16 e 25 anos, não perca essa oportunidade.

Programa Coletivo Online do Instituto Coca Cola. Curso gratuito e 100% digital. As inscrições já estão abertas no link abaixo:

https://bit.ly/coletivomorrodaspedras20213

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