2 de maio de 2024 18:34

Do esquecimento ao resgate das Violas de Queluz: noite memorável revive a história do maior símbolo da cultura de Lafaiete

Uma noite para ficar nos anais da memória, da cultura e da história de Lafaiete. Foi lançada ontem, a noite o Solar Barão do Suassuí, a primeira obra que resgata o valor do maior patrimônio cultural, as Vilas de Queluz, tradição até então esquecida da historiográfica local.

Lançamento foi prestigiado pelo público em reconhecimento do valor das Violas de Queluz

O livro”Viola de Queluza-Família Souza Salgado”, de Valter Salgado de Souza, o Valtinho, editado pela Liga Ecológica Santa Matilde (LESMA) foi saudado como divisor de águas na memória, registro e preservação do grande ícone da cultura e devolve o sentido de pertencimento e auto estima de um povo. Depois do tombamento como patrimônio imaterial de Minas, o livro é o primeiro passo para soerguer a Violas de Queluz na memória local e preservá-las para as futuras gerações. O livro relata a trajetória da Família Salgado na fabricação das Violas e sua importância a história cultural e musical em Lafaiete, Minas e o Brasil.

O público lotou o lançamento da obra em uma plateia formada por descendentes das famílias Salgado e Meireles, precursoras das Violas, tradição que viveu seu auge ainda no final do século XVIII quando Lafaiete chegou a possuir 15 fábricas. “Espero que não seja o primeiro livro, muito menos o primeiro passo para preservamos a memória das Vilas de Queluz”, apontou o vice prefeito, Marco Antônio Reis Carvalho em seu discurso.

Entre momentos poéticos apresentados pela LESMA, a solenidade percorreu a tradição da musical dos tradicionais violeiros. O historiador congonhense, André Candreva, autor de um dos capítulos da obra, lembrou que o Jubileu do Bom Jesus de Matozinhos foi uma vitrine de propagação das Violas de Queluz, quando fabricantes se dirigiam a Congonhas para comercializar os instrumentos de cordas para além das fronteiras de Minas.

Historiadores, estudiosos e autoridades o lançameto

Lucionar de Jesus, ilustrador da obra e autor de um dos capítulo, traçou a ligação das violas com a formação de sua família. “Esta obra não só conta a histórias das violas, mas é uma amálgama que une os laços familiares seculares. É um livro de famílias”, assinalou emocionado.

Um dos momentos marcantes foi quando o historiador Cláudio Alexandrino, apresentou uma autêntica Viola de Queluz, fabricada por José de Souza Salgado, avô do escritor Valter Salgado.  O instrumento foi descoberto em total abandono na cidade de Passa Tempo e totalmente restaurado.

Cláudio mantém um acervo de 40 Violas de Queluz que ele garimpa por Minas na intenção de preservar o instrumento. “Estive aqui em Lafaiete em 2002 para pesquisas, mas fique triste com a falta de informações e abandono de parte da história da cidade. Esta obra resgata grande parte das Violas”, observou o colecionador.

O colecionador, Cláudio Alexandrino, apresenta exemplar das Violas, fabricado pelo avô do escritor Valtinho

Por último discursou o protagonista do evento, Valter Salgado, que também lembrou foi através da visita de Cláudio Alexandrino a sua casa que iniciou o reconhecimento das famílias, como também dos setores culturais, a importância das Violas na história de Lafaiete. “Eu mesmo cheguei a deixar muitos instrumentos abandonados e esquecidos por uma suposta falta de valor. Mas é um ressurgimento da história e da nossa cultura”, comentou. Valtinho lembrou que violeiro Chico Lobo levará dois exemplares a Portugal para presentear os estudiosos lusitanos Manuel Moraes e Pedro Mestre.

Após a sessão de autógrafos, o evento foi encerrado em grande estilo com uma roda de violeiros.  Viva a Viola de Queluz, chora viola!

Mais Notícias

Receba notícias em seu celular

Publicidade