Marília de Castro Braga, 58 anos, professora de Língua Inglesa e Portuguesa, da Escola Estadual “Dr. Gama Cerqueira”, lecionando desde 1980, em Belo Vale, procurou nossa reportagem para denunciar uma agressão sofrida em sala de aula. O fato aconteceu no dia 3 de junho, turno da tarde, quando foi agredida pelo estudante menor de idade, do 7º ano 4. “O aluno forçou sua saída da sala de aula, 15 minutos antes do término. Não permiti e posicionei-me diante da porta. Bruscamente, ele pegou-me pelo braço e jogou-me sobre uma carteira”, relatou a professora.
Marília Braga registrou denúncias de agressão junto à Supervisão da Escola, e na Superintendência Regional de Ensino (SRE), sob protocolo número 126020. Ainda, no Conselho Tutelar, e na Delegacia de Polícia Civil de Belo Vale que gerou o BO- 2019026037102-001: “… A solicitante relata, ainda, que pediu que o agressor aguardasse, mas ele segurou a solicitante pelos braços, sendo que pediu diversas vezes para soltá-la…” A professora disse que esteve na ‘Policlínica Maria do Carmo’, onde foi submetida a exame de ‘Lesão Corporal’, cujo resultado apontou ‘Hematoma em região lateral da coxa’.
Agressor é reincidente
A reportagem não procurou o estudante Luiz Henrique Pedra. Porém, conversou com alguns alunos e professores, para informar-se do ocorrido. Foram apuradas outras questões disciplinares, pertinentes ao mesmo agressor. Alunos contam que se sentem prejudicados com outros que não querem estudar, os quais vão à escola, apenas para bagunçar. A Polícia Militar, solicitada, tem marcado presença na instituição escolar na tentativa de resolver ocorrências, e realizou uma palestra.
O professor Flávio Celso Teixeira de Freitas, que leciona História, desde 2006, diz-se assustado com a agressão à Marília: “Ele também é meu aluno, não respeita as normas e vem dando outros problemas”. E acrescentou: “Faltam diálogo e comunicação, principalmente, por parte da inspetora representante da Secretaria Estadual de Educação, que impõe medidas superficiais, sem, contudo, aprofundar uma discussão coerente com nós professores. Administração democrática não existe; há regras com base em Resoluções Estaduais que não privilegiam professores. Não se pode passar a mão na cabeça do aluno: o mundo lá fora é mais cruel que a Escola.” Afirmou Flávio Freitas.
O Supervisor Pedagógico do “Gama”, Romeu Matias Pinto esclarece que recebeu a queixa da professora Marília, e que agiu com base no regulamento, encaminhando o registro para o setor competente da escola e seus parceiros. “Sou supervisor Pedagógico, e naquele momento, não era interino na direção. Entendo que: em sala de aula o professor é responsável pela disciplina dos alunos. Reconheço que há alunos problemáticos, sem base e estrutura familiar. É uma questão delicada, não exclusiva de nossa escola. As famílias são comunicadas e buscamos apoio em instituições competentes, principalmente, quando se trata de um menor. A escola tem consciência de cada caso e vem buscando resolvê-los da melhor forma, dentro do que se é permitido por lei.” Concluiu.
O que se passa no “Gama”, não se trata de um fato isolado. É reflexo do sistema educacional que o país, enfrenta, há anos, sem conseguir impor um modelo de ensino democrático, inclusivo, moderno e eficiente. As escolas estão mal aparelhadas, sem recursos humanos suficientes e eficientes, para solucionar essas questões. A indisciplina do aluno é reflexo do que acontece em seu lar: a família não é participativa e não colabora.
Por outro lado, os professores estão desestimulados e sem entusiasmo, acima de tudo, pela falta de reconhecimento da profissão. A Educação tem que privilegiar o diálogo, e oferecer bons projetos e oficinas, que auxiliem na transformação social dos alunos. Capacitar, valorizar e respeitar seus professores. Polícia na Escola não é saudável!
Tarcísio Martins