Cidade chinesa estava há 14 meses sem registrar casos de transmissão doméstica de covid-19. Com variante delta em circulação, várias regiões do país retomam restrições severas
A cidade chinesa de Wuhan comunicou nesta terça-feira (03/08) que vai testar todos os seus 12 milhões de residentes para a covid-19, após a confirmação dos primeiros casos de transmissão doméstica da altamente contagiosa variante delta.
Wuhan não registrava um caso de infecção local desde meados de maio do ano passado, mas na segunda-feira as autoridades confirmaram três casos da delta. Nas últimas duas semanas, a variante foi registrada em algumas províncias e grandes cidades, incluindo Pequim.
Wuhan – onde o coronavírus Sars-Cov-2 foi identificado pela primeira vez – decidiu aplicar testes em todos os seus habitantes, “para garantir que todos na cidade estejam seguros”.
“Os testes de ácido nucléico serão lançados rapidamente em toda a cidade para que todas as pessoas possam identificar resultados positivos e infecções assintomáticas”, afirmou Li Qiang, funcionário do governo da cidade.
Autoridades de Wuhan relataram na segunda-feira que sete infecções transmitidas localmente foram detectadas entre trabalhadores migrantes na cidade. A confirmação quebrou um período de cerca de 14 meses sem contágios locais, depois de Wuhan ter conseguido reprimir um surto inicial com um lockdown extremamente severo e sem precedentes no início de 2020.
Fotos de Wuhan de segunda-feira mostraram prateleiras de supermercados esvaziadas. Muitos residentes decidiram estocar alimentos e produtos em preparação para o confinamento, em cenas que lembram o pânico de antes de a cidade ter sido isolada do resto do mundo por 76 dias no ano passado.
Em publicação nas redes sociais nesta terça, autoridades perdiram para que “se acalme o clima de pânico dos residentes da cidade”, e anunciaram que as lojas prometeram manter os preços e as cadeias de abastecimento estáveis.
Maior surto em meses
A China tem enfrentado o maior surto de coronavírus em seu território em meses. Autoridades confinaram moradores de cidades inteiras em suas casas, interromperam as conexões de transporte e implementaram testes em massa, enquanto a mais transmissível variante delta desafia a estratégia de combate à covid-19 no país.
A capital chinesa, Pequim, já se gabava de seu sucesso em suprimir o coronavírus e em recuperar sua economia enquanto partes do mundo ainda travavam uma batalha ferrenha contra a doença, que matou mais de 4 milhões de pessoas em todo o planeta.
Mas o sucesso da China está sendo colocado à prova com o surgimento de um novo surto com mais de 400 casos domésticos registrados desde meados de julho, quando um grupo de faxineiros no aeroporto de Nanjing, na província de Jiangsu, contraiu a covid-19.
Autoridades locais acreditam que a variante dela provavelmente veio à região num voo da Rússia. A nova onda de infecções gerou casos em mais de 20 cidades de mais de uma dúzia de províncias.
E o destino turístico de Zhangjiajie – famoso pela reserva natural cujas montanhas em forma de pilares inspiraram o filme Avatar – anunciou abruptamente nesta terça-feira que ninguém poderia sair da cidade. Na semana passada, as autoridades locais encorajaram visitantes a deixar a cidade localizada na província de Hunan e fecharam as atrações turísticas.
Grandes cidades, incluindo Pequim, já testaram milhões de residentes enquanto isolavam complexos residenciais e colocavam em quarentena contatos próximos de pessoas infectadas. A China relatou nesta terça-feira 61 casos domésticos de infecção.
FONTE DW.COM