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Cinco cidades-fantasmas em Minas Gerais: um passado glorioso das lembranças

(Por Arnaldo Silva) Outrora cheios de gente e ativos economicamente no passado, esses povoados de rica tradição, cultura e história, deram lugar à monotonia da rotina e lembranças de um passado glorioso, que ficaram nas lembranças de alguns poucos que ainda permanecem nessas localidades. 

          Citamos cinco. Veja: Desemboque, o berço da colonização do Triângulo Mineiro, com 27 moradores. Vila de Mato Grosso, no Serro, com alguns moradores residindo próximo à Vila. Cemitério do Peixe em Conceição do Mato dentro, onde a maioria dos moradores estão no cemitério e Biribiri (na foto acima de Elvira Nascimento), em Diamantina, outrora vila fantasma abandonada, hoje se reerguendo e a antiga Vila de Dores do Paraibuna, em Santos Dumont MG. Essas são as famosas “cidades-fantasmas” de Minas. Conheça a história de cada uma delas.

01 – Vila de Biribiri – Diamantina

          A charmosa Vila de Biribiri (na foto acima de Elvira Nascimento) fica em Diamantina MG, no Alto Jequitinhonha, a 298 km de Belo Horizonte. Foi construída em 1876 para ser moradia dos funcionários de uma fábrica de tecidos. 

           O lugar é um charme, com suas casas coloniais pintadas bem preservadas e nas cores originais, azul e branca, bem como sua belíssima e singela igreja (na foto acima do Edison Zanatto). Tem ainda um gerador de energia elétrica próprio, pequeno comércio, bar com tira gosto e até uma pequena pousada, para receber viajantes. Nos áureos tempos do início da industrialização em Minas, Biribiri chegou a ter mais de mil moradores. 

          A economia e vida em Biribiri girava em torno da fábrica de tecidos e o arraial prosperou, pelo menos até 1973, quando a fábrica fechou suas portas. Sem emprego, aos poucos, os moradores da vila foram deixando suas casas e migrando para outras cidades, em busca de trabalho. (fotografia acima e abaixo de Alexsandra Almeida)

          A vila foi tombada como patrimônio histórico, foi restaurada e está muito bem preservada, sendo hoje uma das principais atrações turísticas de Diamantina. O visitante também pode conhecer as belezas naturais em seu entorno como as cachoeiras dos Cristais e da Sentinela.

02 – A Vila de Dores do Paraíbuna – Santos Dumont

          Distrito de Santos Dumont, Dores do Paraibuna, era uma charmosa vila do século XIX, com uma belíssima igreja, datada de meados do século XIX , com um singelo casario colonial em seu redor. (fotografia acima de Fabrício Cândido)

          Na década de 1990, uma nova vila, com novo casario e igreja, foi construídos e seus moradores transferidos, já que o antigo distrito seria inundado pelas águas da Represa de Chapéu ´Uvas, represando as águas do Rio Paraibuna, cuja nascente encontra-se a 50 km, tendo 12 km de extensão e 41 metros de profundidade. (foto acima de Alexandra Dias)          Foi construída para ser mais uma fonte de água para abastecer e proteger Juiz de Fora de inundações causadas pelo Rio Paraibuna, além de possibilitar melhor aproveitamento das usinas hidrelétricas da Cemig na região.

          Com o tempo e com a força das águas, o antigo casario colonial no entorno da igreja, foi levado pelas águas, restando em pé, as estruturas de sua velha matriz, do século XIX (como podem ver na foto acima do Jefferson Formigoni/@jjefinhoformigoni).           Na estiagem, quando as águas da represa ficam baixas, dá para ver a igreja ainda de pé, mas o casario em seu redor, já não existe mais. Uma beleza da história, numa região rica em histórias, patrimônios, cultura, arquitetura e de grande importância econômica para Minas Gerais.

03 – Vila de Mato Grosso – Serro MG

          Até 1966, o nome da Vila era Mato Grosso, sendo alterado para Vila Deputado Augusto Clementino, mas popularmente, ainda é chamada de Vila de Mato Grosso. (na foto acima de Thelmo Lins). É distrito de Serro MG, no Alto Jequitinhonha e fica cerca de 18 km de distância. Sua história começou por volta de 1714, com a chegada de bandeirantes e a crença que na Serra da Carola, milagres aconteciam por intercessão de Nossa Senhora das Dores e até hoje, difícil encontrar alguém que desconheça graças alcançadas.
          A crença, desde aqueles tempos, atraiu peregrinos para o local e para atender os fiéis, uma pequena vila, com capela e casas bem pequenas, foram construídas por devotos, para ficarem durante o período de peregrinação, ao invés de ficar indo e vindo, subindo um morro, ficam por lá, nas casinhas, durante as celebrações religiosas.

         São cerca de 100 casas, muito simples, muitas delas com apenas um cômodo, paredes caiadas e bancos de madeira entre as pequenas ruas da vila. (foto acima de Thelmo Lins)          Completando a arquitetura do lugar, a Capela de São Sebastião, padroeiro do distrito e de Nossa Senhora das Dores, construídas em estilo barroco, dão um charme característico das vilas mineiras. Nessas são realizadas as Festas de Nossa Senhora do Rosário, o jubileu e de Nossa Senhora das Dores. Embora construídas pelos fiéis, o local pertence a Igreja Católica.

          Nas casinhas não moram ninguém, mas tem moradores nas redondezas próximas. São apenas usadas pelos fieis no mês do jubileu, na 2ª e 3ª semanas de julho, na Festa de São Sebastião em abril e de Nossa Senhora das Dores em setembro. Assim a vila, conhecida como Vila Fantasma,  se enche de fiéis. (foto acima de Thelmo Lins) Fora dos dias de jubileu, os visitantes podem visitar a vila e conhecer a mística, charme e beleza do lugar. Na cidade, Serro, tem guias e até setores do turismo local que oferecem passeios à Vila Fantasma. 

04 – Vila Cemitério do Peixe

          Pequeno lugarejo, banhado pelo Rio Paraúna, pertencente ao município de Conceição do Mato Dentro MG, na região Central, distante 170 km de Belo Horizonte. Cemitério do Peixe constitui-se de uma única igreja dedicada a São Miguel Arcanjo e um cemitério, que deu nome ao lugar. São cerca de 200 casas todas caiadas, cheias de simplicidade e mistério. (foto acima e abaixo de Sérgio Mourão)

          Em frente a Capela de São Miguel Arcanjo há uma placa com os dizeres “Ó tu que vens a este cemitério, medita um pouco nesta campa fria: eu fui na vida o que tu és agora, eu sou agora o que serás um dia”. Por essas palavras e por ser um lugar praticamente desabitado, o lugarejo ganhou a fama de “cidade-fantasma”

          Segundo a história popular, por volta de 1860 um rico fazendeiro conhecido por Canequinha dou parte de suas terras à Igreja para construir em sua fazenda uma capela e um cemitério. Mandou ainda construir algumas casas em torno da capela e do cemitério para os padres e fiéis. (na foto acima do Marcelo Santos, estrada para a Vila do Cemitério do Peixe, sob a névoa)

         Por ironia do destino, foi enterrado no cemitério que mandou construir. É o primeiro túmulo na entrada do cemitério, com data de sepultamento em 1941. No túmulo há uma placa escrita: “Fundador”. (fotografia acima de Sérgio Mourão)          Já o nome peixe, segundo a história popular, vem de um escravo apelidado de “Peixe”, que teria sido sepultado no cemitério bem antes do Canequinha. Como o escravo era muito estimado por seu senhor, o local passou a ser chamado de Cemitério do Peixe e o nome se popularizou.

05 – Vila de Desemboque – Sacramento

           O povoamento, do que é hoje Desemboque (foto acima de Luís Leite), distrito de Sacramento no Triângulo Mineiro, começou em 1766, com a chegada de bandeirantes em busca de ouro na região e em Goiás. 

          Naquela época, o arraial prosperou a ponto de ter quase 2 mil moradores, sendo o centro de lazer da região pois tinha até cassino, além de ser um importante centro comercial e de mineração do Triângulo Mineiro. (na foto acima do Luís Leite, os fundos da Igreja de Nossa Senhora do Desterro e abaixo, um dos velhos casarões da Vila)

          Com a escassez do ouro, a partir de 1871, os moradores foram fechando seus comércios e se mudando para outras regiões mais prósperas, deixando para trás suas casas.

          A vila outrora povoada, ficou deserta. Ficou a história de um passado glorioso e relíquias daqueles tempos com as igrejas de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1854 pelos homens negros e pardos. (na foto acima do Luís Leite). É tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG, em 1984.

          E ainda a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, frequentada pelos homens brancos, entre 1743 e 1754. É tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG, em 1984. Um detalhe da igreja é o cemitério em seu redor. Naquela época, era comum cemitérios nos fundos das igrejas, com a frente livre para os fiéis. Em Desemboque não, as sepulturas contornam a Igreja do Desterro. A igreja e o cemitério são protegidos por uma pequena murada de pedras. (na foto acima de Luis Leite)

          Uma vez no ano, seus moradores se reúnem no período da festa junina para carreada de bois e queima da fogueira. (foto acima e abaixo de Luís Leite)

          Nessa época, as lembranças da antiga Vila movimentada de tempos atrás, se torna presente, já que no dia da queima da fogueira e carreada de bois, a vila fica repleta de pessoas, que vem de toda região, para prestigiar a festa.

FONTE CONHEÇA MINAS

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