Pela 3ª vez, a mineradora JMN, empresa do grupo J. Mendes, promoveu uma reunião pública sobre a instalação do terminal ferroviário em Entre Rios de Minas. O evento aconteceu no Auditório da Câmara Municipal tomado por populares e lideranças diante da urgência que o tema despertou na cidade desde o anúncio do empreendimento no ano passado. De um lado, um grupo de ambientalistas critica os impactos ao meio ambiente na região da Barrinha, onde será instalado o terminal, local de nascentes que abastecem Entre Rios, como também supressão de matas nativas. Do outro lado, um um grupo que acredita que o empreendimento será capaz de impulsionar a economia local com desdobramentos diretos na cadeia produtiva e na geração de empregos. Ao contrário de outras, a reunião foi marcada pelas opiniões e depoimentos amplamente favoráveis ao terminal.
O Gerente de Meio Ambiente, Yashi Maciel, por quase uma hora, trouxe explicações das adequações do projeto feitas a partir de solicitações da comunidade em reuniões anteriores. Ele salientou que, apesar da classificação do projeto como de pequeno porte, não prevendo exigências legais de audiências, a J. Mendes optou pelo diálogo e abertura das discussões com a comunidade. “Não é obrigação legal, mas a política da empresa é por transparência e aproximação com a cidade e seus moradores. Queremos esgotar toda a discussão em torno do projeto que trará desenvolvimento a comunidade e seu entorno. Todos os impactos do empreendimento serão mitigados. Somente com o diálogo que se constrói um caminho”, garantiu. “Não vamos entrar em uma casa sem pedir licença. Por isso estamos aqui discutindo o projeto”, considerou Fabíola Xavier, Coordenadora de Relacionamento Institucional e Comunidade, destacando a valorização da mão de obra local e investimento no comércio da cidade.
Yashi ressaltou que a localização em Entre Rios de Minas, após estudos de outras possíveis alternativas locacionais, seria a opção de menor impacto ambiental e social. Inclusive ventilaram a construção de uma ferrovia ligando a mina até a MRS, possibilidade que foi descartada.
Foi passada uma previsão de operação para o segundo semestre de 2023 e a construção de uma via de acesso pela MG 383 até a ferrovia da MRS de onde seria embarcada a produção vinda da mina situada em Desterro de Entre Rios e de outras mineradoras.
Pelos estudos da JMN, haverá uma redução em mais de 21% no fluxo de caminhões e de veículos e queda de mais de 70 km nos trajetos da mina até os fornecedores. Ao todo serão gerados 85 empregos diretos e 200 na implantação.
Impactos ambientais na cidade
O pedido de licenciamento ambiental foi protocolado na Supram Central em 24 de maio de 2022 pela JM Logística, Processo nº 2078/2022. O PCA menciona que o terminal terá como função o carregamento de minério produzido na Mina Morro dos Coelhos, da JMN Mineração, localizada no município de Desterro de Entre Rios, a 30 quilômetros de distância, e a outras minerações da região.
Segundo Yashi, uma pesquisa encomendada pela J. Mendes apontou que 70% dos moradores de Entre Rios é são favorável ao empreendimento. Segundo ele estudos preliminares apontam que o terminal em pleno funcionamento vai gerar mais de R$ 9 milhões de investimentos na cadeia produtiva de Entre Rios de Minas.
Questionamentos
Dezenas de lideranças fizeram questionamentos em torno dos impactos do terminal de cargas em especial a bacia hidrográfica, poluição, ruídos e trânsito. Comerciantes de Desterro de Entre Rios, onde atua a JMN, destacaram a importância da empresa no desenvolvimento da cidade e as oportunidades de negócios criadas pelo ambiente da mineração, como também as melhorias do serviço de saúde, estruturação da cidade. O Gerente da ADESIAP (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba), Dênis Donato, com diversas unidades na região, classificou o empreendimento como oportunidade de crescimento e desenvolvimento. “Entre Rios tem a sua oportunidade, a exemplo das cidades vizinhas, de melhorar as condições de vida de seu povo e promover o progresso, tanto na área social, econômica em diversos setores como a saúde”, avaliou.
A Professora Sônia Maria da Cruz, representante do Movimento de Atingidos pelas Barragens (MAB) fez duras críticas ao empreendimento e os impactos negativos da mineração no meio ambiente.
Outro questionamento foi sobre investimento na malha rodoviária na MG 270 entre Desterro a Entre Rios com o piso sucateado pelo volume de caminhões.