Volumes excepcionalmente altos podem atingir principalmente o Rio de Janeiro com risco crítico de inundações e deslizamentos
A MetSul Meteorologia alerta para um cenário de muito elevado perigo por chuva excessiva no Sudeste do Brasil nos próximos dias. O cenário é de altíssimo risco principalmente para o estado do Rio de Janeiro, embora haja preocupação com a possibilidade de chuva volumosa também no litoral de São Paulo.
A tendência é de volumes de chuva muito altos e com precipitações por vezes torrenciais com acumulados elevados em curto período no litoral de São Paulo a partir do final da quinta e durante a sexta e parte do fim de semana. Há risco de ainda chover por vezes forte em pontos da região no começo da semana que vem.
O cenário é de maior risco para o estado do Rio de Janeiro, incluindo a Costa Verde, a cidade do Rio de Janeiro e sua área metropolitana, e ainda a Região Serrana. Os volumes em pontos do estado do Rio de Janeiro podem ser extraordinariamente altos, da ordem de meses de precipitação em dias, atingindo em alguns locais marcas de elevadíssimo risco para a população.
Sob este cenário, a MetSul Meteorologia alerta para a alta probabilidade de alagamentos e inundações, em alguns casos repentinas e graves, o que oferecerá perigo para quem estiver na rua durante enxurradas com intensas correntezas. Adverte-se também para a probabilidade elevada de quedas de encostas e ainda deslizamentos de terra, em alguns locais significativos e com grave risco à vida humana.
A situação é especialmente preocupante no estado do Rio de Janeiro, onde a chuva por vezes será extrema em curto intervalo e, pior, com uma sucessão de dias de chuva forte a muito intensa entre sexta e o começo da semana. A sexta-feira, em particular, pode somar volumes por demais elevados.
O que vai acontecer? Primeiro, uma frente fria chegará à região trazendo chuva forte e risco de temporal. Na sequência, com uma massa de ar frio a Leste do Sul do Brasil e se estendendo até a costa do Sudeste, as condições se tornarão favoráveis a um grande aporte de umidade do oceano para o continente no litoral de São Paulo e no estado do Rio de Janeiro.
O padrão de circulação deve levar vento carregado de umidade do mar em direção ao continente no sentido do litoral de São Paulo e Rio de Janeiro com chuva de natureza orográfica, o que fará com que os volumes de chuva sejam muito altos a excessivos em diferentes cidades, sobretudo do Litoral Norte de São Paulo e ainda mais no Rio de Janeiro.
A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias. Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. A projeção abaixo do modelo ICON com a previsão de chuva acumulada nos próximos 5 dias dá conta de mais de 500 mm em partes do Sul do Rio de Janeiro. Cenário grave. Entre a Baixada Santista e o litoral Norte de São Paulo a projeção é de acumulados entre 100 e 200 mm.
Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo.
O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.
Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.
FONTE METSUL