Declaração feita por padre durante missa no MS gerou denúncia por incitação à discriminação
O Ministério Público Federal (MPF) do Mato Grosso do Sul investiga o padre Paulo Santos, da paróquia São Vicente de Paulo, que fez uma declaração durante uma missa dizendo que o Rio Grande do Sul “abraçou a bruxaria e o satanismo”, e que por isso estaria sofrendo com a tragédia causada pelas enchentes.
De acordo com o MPF, a denúncia foi apresentada na segunda-feira, 20, narrando “preconceito religioso por parte de um pároco do município de Nova Andradina, Mato Grosso do Sul”. A denúncia foi distribuída na terça, 21, a um dos membros do MPF que atua na Procuradoria da República no Município de Dourados e, então, foi autuada uma Notícia de Fato para apuração de suposta prática de crime de incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
“Após a autuação, conforme o ato normativo que disciplina a instauração e tramitação da notícia de fato no âmbito do Ministério Público – Resolução CNMP n° 174/2017 – tem início a contagem do prazo de 30 dias, prorrogável por até 90 dias, para que o membro possa colher informações preliminares e então delibere sobre a instauração de eventuais procedimentos”, explica o MPF.
Desde o último boletim divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de mortos nas enchentes subiu. Agora, são 163 vítimas fatais dos temporais que atingem o estado gaúcho.
Entenda o caso
O padre Paulo Santos, que atua em uma paróquia de Nova Andradina (MS), associou a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul à “bruxaria e satanismo” durante uma missa. O pároco foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) por intolerância religiosa.
A fala foi feita durante a “Missa Solidária em Oração Pelo Rio Grande do Sul” no último dia 8. Durante a pregação, Paulo Santos também afirmou que o estado gaúcho é o “mais ateu” do país. Em vídeo que viralizou nas redes sociais, ele aparece ao lado de uma bandeira do RS
“O Rio Grande do Sul há muito tempo abraçou a bruxaria e o satanismo. Há muito tempo, o meu povo tem se afastado de Deus. Deus não precisa mandar sofrimento para a nossa vida porque ele não faz isso, mas nós mesmos buscamos na fragilidade humana coisas ruins para nós. Estamos aqui para rezar porque [é] um povo que não está só fragilizado, precisando de água e de comida. […] Agora, está precisando de força espiritual porque perdeu a pouca que tinha”, afirmou o padre.
Paulo Santos disse ainda que “existem mais centros de macumba na cidade de Porto Alegre do que no estado da Bahia inteiro”. Segundo dados da Diocese de Naviraí, o padre nasceu na capital gaúcha em 1990.
O padre e a paróquia não se pronunciaram sobre o caso.
FONTE TERRA