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Esta é a mina de ouro mais profunda do Brasil — ela extrai toneladas de metal precioso a mais de 1.600 metros de profundidade

Com mais de 1.600 metros de profundidade, a Mina Cuiabá é a maior mina subterrânea de ouro do Brasil e movimenta bilhões por ano

Minas Gerais sempre foi sinônimo de ouro. Mas o que pouca gente imagina é que, nos dias de hoje, a extração desse metal precioso é feita com tecnologia de ponta e envolve investimentos bilionários.

A maior mina subterrânea de ouro em operação no Brasil, localizada em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é o maior exemplo disso.

A  Mina Cuiabá vai a mais de 1.600 metros abaixo da superfície e é uma das mais importantes da América Latina. A Mina Cuiabá, operada pela AngloGold Ashanti.

Mina subterrânea de Lamego, da AngloGold Ashanti, em Caeté (MG). Foto: AngloGold Ashanti/ Divulgação.

Dois Burj Khalifa de profundidade

A profundidade da mina impressiona. Para se ter uma noção, ela chega ao equivalente a quase dois Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo, com 828 metros.

Em sondagens realizadas pela própria empresa, já foi detectado ouro até 2.400 metros de profundidade. Mas chegar até ele não é simples.

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Extrair ouro em uma estrutura dessas exige planejamento, força e muito dinheiro.

A operação é complexa e cara. Para extrair apenas 6 gramas de ouro, é preciso explodir uma tonelada de rochas.

Segundo O TEMPO, para cada metro avançado dentro da mina, o custo é de R$ 29 mil. Mesmo assim, a empresa consegue abrir 1.300 metros de novas galerias por mês.

Extensão da profundidade da mina de Cuiabá é superior à altura do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo | Crédito: AngloGold Ashanti /Divulgação

Produção em toneladas

A Mina Cuiabá, junto da mina Lamego, também localizada entre Sabará e Caeté, é responsável por 77% da produção de ouro da AngloGold no Brasil.

Em 2023, foram 271 mil onças de ouro extraídas em Cuiabá, das 351 mil produzidas no país. Uma onça equivale a pouco mais de 31 gramas. A média anual gira entre 8 e 10 toneladas.

Só em 2024, já foram 58 mil onças de ouro produzidas pela operação em Minas Gerais. O nome “Cuiabá” vem de um antigo povoado da região. Hoje, o local se tornou praticamente uma cidade subterrânea.

Uma cidade embaixo da terra

A estrutura interna da mina é impressionante. Existem escritórios com wi-fi funcionando em todos os níveis.

São 444 roteadores instalados no subsolo. Há também vias para circulação de caminhões e carros, oficinas mecânicas, robôs e ventiladores com controle de temperatura. Mesmo a mais de um quilômetro da superfície, a temperatura não passa dos 24°C.

As galerias somam 330 km de extensão, sendo 26 km só de rampa principal.

A descida começa em um elevador que leva cerca de 4 minutos até o nível 11, a 900 metros. Dali em diante, o transporte é feito por carro, van ou maquinário até o nível mais profundo, o 23, o que leva outros 25 minutos.

O elevador tem dois andares, comporta até 50 pessoas e carrega suprimentos, como cabos, fibra ótica e materiais de contenção.

No nível 11, há ainda uma oficina, laboratório de mecânica de rochas e espaço de convivência com sala exclusiva para mulheres, equipada com poltrona, pia, macacões extras e absorventes.

Tecnologia e segurança em cada detalhe

Ao todo, são 150 equipamentos em funcionamento no subsolo, incluindo 74 de grande porte. Um dos destaques é uma carregadeira elétrica de 20 toneladas que funciona à bateria.

Ela tem uma estação exclusiva de recarga, com três baterias alternando entre uso, carregamento e resfriamento.

Cerca de 1.000 funcionários trabalham diariamente na mina, com 400 atuando simultaneamente em cada turno. Todos são monitorados com um equipamento de localização preso ao cinto.

O dispositivo, do tamanho de um celular, mostra em tempo real a posição de cada trabalhador.

Na superfície, um painel exibe a localização de todos, com nome completo. Esse controle é fundamental por causa das câmaras de refúgio em caso de acidentes. Esses locais têm capacidade limitada, por isso o número de pessoas precisa ser rigorosamente monitorado.

Do minério à barra de ouro

O processo para transformar o minério em ouro leva cerca de uma semana.

Começa com a pesquisa mineral, passa pelo planejamento da lavra, perfuração longa, detonação, limpeza, britagem, içamento, moagem, flotação e concentração. O material concentrado é então transportado por teleférico até a planta do Queiroz, em Nova Lima.

Na planta, o minério passa por aquecimento, lixiviação, fundição e finalmente vira uma barra de ouro com 99,99% de pureza.

Cada barra pesa cerca de 1,4 kg. Esse processo todo foi planejado com pelo menos dois anos de antecedência.

Depois de pronto, o ouro é vendido a parceiros. A joalheria Vivara é a única empresa que compra diretamente da mineradora. A  Mina Cuiabá tem vida útil prevista até 2050, mas tudo depende do custo-benefício da extração no futuro.

A  Mina Cuiabá é um exemplo do novo perfil da mineração no Brasil: mais fundo, mais caro e com muito mais tecnologia.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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