O empreguismo e os atrasos recorrentes no pagamento de servidores reacederam uma antiga polêmica existente desde o segundo mandato do Prefeito Lapinha(Solidariedade), entre os anos de 2017 a 2020, explodindo justamente na atual gestão. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou a nossa reportagem que vai ajuizar, nos próximos dias, ações de execução contra o município de Belo Vale, na Região Central do estado, por descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2019. O acordo, celebrado pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da cidade, previa a substituição de contratações temporárias irregulares pela nomeação de servidores aprovados em concurso público.
Desde a assinatura do TAC, o município se comprometeu a regularizar seu quadro de pessoal, mas o compromisso vem sendo sistematicamente descumprido. Três termos aditivos foram firmados na tentativa de garantir a efetivação do acordo, sendo o último prazo encerrado em 30 de setembro de 2025, sem que o concurso fosse realizado ou os contratos precários encerrados.

Segundo o MPMG, a manutenção de um número elevado de servidores contratados sem concurso público viola a Constituição Federal, que estabelece o concurso como regra para o ingresso no serviço público. A prática, além de ferir os princípios da isonomia, impessoalidade e eficiência, gera instabilidade para os trabalhadores e pode comprometer a qualidade dos serviços prestados à população. O órgão também destacou que a situação se agrava diante de notícias recentes que apontam um possível inchaço da máquina pública e atrasos no pagamento dos servidores municipais pelo segundo mês consecutivo. Esses fatos podem refletir problemas de gestão e desorganização fiscal decorrentes das contratações irregulares.
Com o esgotamento das tentativas de solução consensual, o Ministério Público decidiu recorrer ao Judiciário. Serão propostas duas ações: uma para obrigar o município a realizar o concurso público e rescindir os contratos irregulares, e outra para cobrar multa diária de R$ 1.000,00 por cláusula descumprida do TAC, valor que já ultrapassa R$ 40 mil.
“O Ministério Público buscou o diálogo por mais de seis anos, mas a paciência da sociedade e a leniência com a ilegalidade têm um limite. O concurso público não é uma opção, mas um dever do gestor público”, afirmou o promotor de Justiça Kepler Cavalcante., recém chegado a Comarca de Belo Vale. O MPMG reforçou que seguirá fiscalizando a administração municipal para garantir o cumprimento dos princípios constitucionais e a boa gestão dos recursos públicos.
Atrasos
Dados
Uma consulta ao site do Tribunal de Contas de Minas mostra que em 2025 a prefeitura arrecadou pouco mais de R$153 milhões, perfazendo em média quase R$13 milhões ao mês. Até setembro a receita foi de R$98,4 milhões, com media de R$11 milhões por mês.



