O Governo de Minas inaugurou, nesta quarta-feira (23/10), na Cidade Administrativa, o monumento “Bruma Leve”, construído em homenagem às 272 pessoas que perderam a vida no rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019.
Instalado em frente ao Prédio Tiradentes, o Bruma Leve é composto por 272 peças lineares de tamanhos variados, posicionadas uma ao lado da outra. A peça mais alta tem 2,72 metros. Elas têm a forma de perfis humanos em diferentes posições, cada uma representando uma das vidas perdidas na tragédia. Essas peças também receberam placas com os nomes das vítimas.
A solenidade de inauguração contou com a presença do governador Romeu Zema, de representantes do executivo estadual e da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum). Também foram convidados familiares e amigos das vítimas e as Instituições de Justiça que assinaram o Acordo de Reparação – Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG).
Para o chefe do Executivo estadual, o monumento construído na sede do Governo de Minas é uma homenagem à memória das vítimas e, também, um alerta para todos os governantes e autoridades.
“Toda pessoa que estiver na sede do governo ou passar pela rodovia terá a oportunidade de ver esse monumento, assim como todos os governadores que por aqui passarem. Todos terão a visão de que nunca mais podemos ter uma tragédia dessa natureza em Minas Gerais”, afirmou Romeu Zema. | ||||
Na sequência, o governador também detalhou as medidas tomadas pelo Estado, imediatamente após a tragédia e com permanente análise e evolução, para ampliar a segurança na atividade minerária realizada em Minas.
“Desde então, temos menos barramentos expondo pessoas ao risco e todos eles sendo descomissionados, tendo seu material retirado. A cada dia que passa, o estado fica mais seguro”, explicou.
Bruma Leve
A instalação do monumento foi anunciada em 2021 e tem como objetivo, além da homenagem, reforçar, com um marco na sede do Poder Executivo estadual, o compromisso do Poder Público em atuar para que desastres desta magnitude não se repitam em Minas Gerais.
O monumento foi selecionado por meio de um concurso realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), com apoio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG), que coordena o Comitê Pró-Brumadinho.
A obra foi iniciada em março deste ano e concluída neste mês de outubro.
Segundo o autor da obra, Daniel Rodrigues, a inspiração para o Bruma Leve veio do significado do nome do município de Brumadinho. O nome também representa as montanhas da região e expressa a fluidez e a leveza da bruma quando passa pela cidade.
“Observando de perto, é possível ver as peças formando a silhueta de uma face humana. As peças são na cor vermelha, que remete à dor, mas também ao amor, à coragem e à força”, afirmou Daniel.
O monumento foi executado com recursos do Tesouro do Estado de Minas Gerais, sem relação com os investimentos do Acordo de Reparação. O valor total foi de R$ 1,1 milhão – que engloba a obra, o projeto executivo e o concurso.
A presidente da Avabrum, Nayara Porto, destacou o significado da escultura para trazer a memória das vidas perdidas na tragédia.
“Uma das nossas bandeiras é a memória, e nós sabemos que brasileiro tem memória curta. Então precisa de ter obras como essa esparramadas por todos os lugares para que a memória seja eternizada e para que, junto da memória, não aconteça outro crime como esse” reforçou.
“Uma das nossas bandeiras é a memória, e nós sabemos que brasileiro tem memória curta. Então, precisa haver obras como essa por todos os lugares para que a memória seja eternizada e para que, junto da memória, não aconteça outro crime como esse”, reforçou Nayara. | ||||
272 joias
O rompimento em Brumadinho tirou a vida de 272 pessoas e gerou uma série de danos sociais, econômicos e ambientais. As operações de busca e identificação das vítimas se iniciaram no mesmo dia e seguem até hoje, totalizando 2.100 dias de trabalho no local.
Foram localizadas pelo Corpo de Bombeiros e identificadas pela Polícia Civil 267 pessoas. Três ainda seguem desaparecidas e outras duas eram bebês de duas grávidas, totalizando as 272 joias. Atualmente, 15 militares trabalham na região da “zona quente” com o auxílio de quatro máquinas nesta operação.
FONTE AGÊNCIA MINAS