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Minas ganha novas rotas turísticas, com foco na experiência e memória afetiva

O perfil do turista mudou após a pandemia, e o Sebrae tem buscado criar novas rotas para potencializar os negócios a partir dessa mudança; conheça algumas

Conhecer Ipatinga para além do Vale do Aço, experimentar a “estrada natural” da Bahia-Minas, como Milton Nascimento descreve em “Ponta de Areia”, fazer uma viagem só para conhecer os sabores dos cafés do Cerrado mineiro, e outro roteiro apenas para degustar os queijos da Serra da Canastra. Estes são exemplos de rotas em Minas que entram na categoria turismo de experiência, focado exclusivamente na experiência do viajante.

São alguns dos caminhos que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem trabalhado para transformar em produtos, experiências e oportunidades de negócios no Brasil e em Minas, o turismo regional. Algumas destas novas rotas turísticas já foram lançadas, outras estão prestes a ser.

Imagem mostra feira na praça de São Lourenço, em Minas Gerais, com várias roupas expostas em cabides e mulher olhando.
São Lourenço – MG | Crédito: Embratur Sebrae / Divulgação

A analista do Sebrae Minas, Nathália Milagres, explica que o foco do projeto é descentralizar a oferta de roteiros turísticos. Ir além dos destinos mais conhecidos.

“Minas tem muitos produtos e belezas. Acreditamos que, potencializando esses destinos, criamos oportunidades para pequenos negócios e para mostrar mais Minas para os mineiros, para o Brasil e para o mundo. Afinal, Minas vai além do histórico e do cultural. Temos uma gastronomia muito forte, por exemplo, e que permeia vários produtos, temos recursos naturais, e tudo isso pode ser explorado e usado para atuar com a valorização dessas comunidades”, conta.

Ela lembra que 99,3% dos negócios da cadeia de turismo em Minas são pequenos negócios.

Imagem de feira de alimentos em São Lourenço, Minas Gerais, com foco em uma barraca onde estão expostos produtos típicos como queijos e cachaças.
São Lourenço | Embratur Sebrae / Divulgação

A analista de Competitividade do Sebrae Nacional, Germana Magalhães, também explica por que a exploração de novo destinos turísticos ajuda a fomentar as economias locais.

“As experiências podem impactar diretamente na economia das regiões visitadas, promovendo o desenvolvimento local, visto que podem promover interações diretas com as comunidades locais. A compra de produtos artesanais, restaurantes locais, atividades de passeios e hospedagem nas propriedades rurais, consumo de produtos da agroindústrias, são exemplos de atividades que podem agregar valor aos pequenos negócios ligados ao turismo”, conta Germana.

Rotas turísticas em Minas Gerais

O Estado já avança com alguns roteiros formatados como a Rota dos Cafés do Cerrado e a Rota Bahia-Minas. Os outros que devem ser potencializados ao longo deste ano incluem:

  • as rotas dos queijos em diferentes regiões,
  • outras rotas de cafés,
  • a Rota das Artes, que liga BH e Brumadinho até Ouro Preto, valorizando a arte histórica e contemporânea, e
  • a Rota Geoparque Terra de Gigantes em Uberaba.

Este último inclusive, está em análise da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para se tornar um geoparque global. O anúncio de novos territórios chancelados é previsto para março de 2024, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), que catalogou o inventário do patrimônio geológico de Uberaba

Imagem mostra sítio de cachoeiras no Geossítio Cachoeira da Fumaça no Geoparque Uberaba
Geossítio Cachoeira da Fumaça no Geoparque Uberaba | Crédito: SGB

A analista do Sebrae Minas ainda cita como exemplos de rotas turísticas diferenciais no Estado uma Ipatinga mais rural, que possibilita outras experiências que vão além do Vale do Aço; as cidades de Monte Verde, com suas temperaturas baixíssimas; e Delfim Moreira e Carrancas, com suas belas paisagens de cachoeiras.

Além disso, ela lembra também do Parque Nacional do Peruaçu, em Januária, com seus sítios arqueológicos e cavernas, território histórico e mais vivo do que nunca.

No início deste mês, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) encontrou restos de alimentos e de produção de pigmentos e instrumentos que datam de 2 a 3 mil anos atrás, segundo a Universidade. O sítio arqueológico que integra o Parque também concorre a Patrimônio Natural e Cultural da Unesco.

Imagem mostra pesquisadores fazendo escavações no solo de sítio arqueológico do Vale do Peruaçu, em Minas Gerais
Pesquisadores fazem escavações em sítio arqueológico no Vale do Peruaçu | Crédito: acervo do projeto / UFMG

Mudança no perfil do turista guia novos caminhos

Se antes a meta era visitar os pontos turísticos mais emblemáticos e bater ponto nos roteiros tradicionais, hoje, a tendência é explorar caminhos mais afetivos e personalizados nas viagens. A consultora do Sebrae Minas, Nathália Milagres, observa que, a partir do pós-pandemia e com o encarecimento de muitos produtos, houve uma mudança no perfil do turista.

“Após a pandemia tivemos um turismo regional muito grande, que impactou o turismo em Minas Gerais, Estado que mais cresceu em atividade turística. Também tivemos um momento de inflação muito alta, e, consequentemente, menos recursos para investir em lazer, mas as pessoas ainda queriam viajar e, por isso, o turista passou a escolher melhor suas experiências”, explica.

Imagem mostra família de costas, sendo homem, mulher e duas crianças segurando as mãos dos pais, passeando em praça de igreja, à noite, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais
Poços de Caldas – MG | Crédito: Embratur Sebrae / Divulgação

Ela observa que o uso frequente das redes sociais também direciona o turista para lugares onde ele possa explorar melhor seus momentos, fazer registros e se conectar com ele mesmo.

“O turista vai muito longe na lógica de planejar e pensar uma viagem diferente. Com o uso das redes sociais e a exposição, a gente percebe que o turista busca entender mais o que ele quer e o que faz sentido pra ele”, completa.

Além disso, a análise da especialista é que a busca por natureza e pelo resgate de memórias da infância tem estado cada vez mais forte.

“Não fugimos muito da busca pelo contato com a natureza, que tem crescido, e com pessoas, lugares e experiências que conectam o turista com aquele momento. Ele quer o resgate da cultura e da sua história de momentos que viveu na infância. Experiências assim, que fazem sentido para ele, são mais valorizadas. É a caminhada, o fogão à lenha…”.

Paisagem de Monte Verde, em Minas Gerais, conhecida por suas altas temperaturas. Imagem mostra cenário da cidade, com casas, morros e caminho de pedras, e placa com o nome da cidade.
Monte Verde – MG | Crédito: Embratur Sebrae / Divulgação

Para a analista do Sebrae Nacional, Germana Magalhães, passou-se a valorizar não apenas os momentos de lazer, mas também as oportunidades de aprendizado e transformação pessoal. “As vivências enriquecedoras e a conexão com pessoas e culturas diferentes contribuem para o crescimento individual. O contato com a natureza. As viagens em famílias e amigos. O turismo de experiência transcende a abordagem convencional“, conclui.

 

FONTE DIÁRIO DO COMÉRCIO

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