Em uma sessão inflamada na noite de ontem (12), os vereadores de Lafaiete (MG) defenderam o retorno do atendimento oncológico de Barbacena para Belo Horizonte. O principal motivo é demora em consultas, diagnóstico e tratamento que podem levam até 2 meses sacrificando a população, já castigada pela doença trágica.
A discussão que durou mais de 40 minutos foi desencadeada pela apresentação do requerimento do Vereador Pedro Américo (PT) em que solicitou uma reunião pública para discutir o tema, inclusive com a presença do prefeito eleito, Leandro Chagas (PRD), representantes da Superintendência Regional de Saúde do Hospital São José e do hospital Ibiapaba, em Barbacena, onde funciona o serviço atualmente.
A polêmica em torno da instalação do serviço em Lafaiete é uma demanda de mais uma década para dar mais dignidade aos pacientes. Mas o que era para ser uma mitigação do problema se transformou em uma agrura para pacientes e seus familiares. “A mudança do tratamento de Belo Horizonte para Barbacena foi um retrocesso e um drama para os pacientes. Eles estão sofrendo, com esta mudança, mas Barbacena carrega todos os recursos para ela, sem uma solução. Ficou pior e fomos enganados há vários anos. Falaram na implantação do serviço em Lafaiete, mas nada funciona”, disparou o Líder do Governo, Vereador João Paulo Pé Quente (PSD). Segundo ele, ficou acertada a instalação do serviço na cidade. “Diversos hospitais se prontificaram a trazer a oncologia para Lafaiete. É um serviço rentável e Barbacena levou para lá e Lafaiete ficou ver navios”, concluiu.
“Quando transferiam o serviço para Barbacena, o próprio Vereador André, citou o temor pela qualidade do atendimento. Foi uma cagada, essa é a verdade. Me citaram que o hospital (Ibiapaba) quer dinheiro e não pacientes. Fizeram tudo para levar para Barbacena e lá não tem condições de absorver este serviço. Agora nossos pacientes ficam meses esperando uma consulta ou um atendimento especializado. Como sempre Lafaiete fica a reboque de Barbacena”, protestou o Vereador Sandro José (PP). “Optaram de forma errada, sem qualquer estrutura”, salientou Vado Silva (DC).

André Menezes (PSDB) narrou que desde quando optaram pela transferência do serviço, como apoio da Secretaria de Estado da Saúde, para a macro centro sul, alertou pela queda da qualidade do serviço, temor da insegurança e falta estrutura no atendimento. “É um absurdo. Fizeram sem consultar. Barbacena não tem condições de atender a toda a região. Foi uma covardia. Os pacientes ficam 60 dias esperando atendimento. Em Belo Horizonte estão os melhores hospitais e médicos. É só melhorar o transporte e logística”, pontou.
“E o povo está sofrendo por um erro. Temos que voltar a Belo Horizonte nesta especialidade de tratamento”, propôs Pastor Angelino (PRD). “É tanto sofrimento para nosso povo. O problema da saúde é gritante”, assinalou Eustáquio Silva (PV).
Para encerrar os debates, a Vereadora Damires Rinarlly (PV) lembrou que teve uma calorosa troca de farpas com seu colega, João Paulo Pé Quente, em maio deste ano, quando citou que esteve com o Secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, juntamente com a deputada estadual Lohanna França (PV), quando a oncologia foi pauta das discussões e oficializaram o interesse de trazer o serviço para a cidade. Segundo Damires, o secretário informou que não havia conhecimento de protocolo de implantação oficializado do serviço para Lafaiete. “Fomos todos enganados e a oncologia não começou em Lafaiete. Precisamos unir forças para reverter este quadro”.
Ao final, o Presidente da Câmara, propôs um requerimento, assinado pelos 13 vereadores, pela volta do serviço de oncologia para BH.
Vereador cobra explicações e cita que prefeito foi blindado
Em meio às discussões, o pano de fundo de fundo foi político quando os vereadores se digladiaram em torno da falta de força política e blindagem do atual mandatário pela base governista. “Ele nunca veio aqui explicar nada. Desde 2012, quando entrei nesta Casa, nós cobramos as mesmas coisas. È um absurdo ficar 2 meses para iniciar um tratamento de oncologia. Isso é falta de respeito e culpo a atual gestão”, disparou Giuseppe Laporte (Podemos). “Tivemos várias CPI’s e prefeito sequer veio aqui. O transporte público continua um caos e diversas mortes por Covid-19 por falta de medicamentos foram apuradas”, completou.
O Vereador Sandro José culpou a situação pela falta de representatividade. “Quando chega as eleições o povo vota em candidato de fora. É uma vergonha. Hoje vamos pedir ajuda a quem?”, questionou. “Infelizmente somos reféns dessa situação”, concordou Vado Silva. “Oito anos e nada melhorou”, criticou André Menezes.
“Quando a gente não tem representante na cidade temos que recorrer a outros deputados”, argumentou Damires. “Quando é para votar um projeto de interesse do povo é um sacrifício, mas quando é favor do poder econômico passa tudo rapinho. Ai se não fossem os candidatos de fora, inclusive o vice-prefeito apoiou o Lafayette Andrada e o prefeito, o Nikolas. O culpados somos nós mesmos”, encerrou Pedro Américo.
Serviço
Em agosto de 2023, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou o início do atendimento oncológico privado no Hospital e Maternidade São José em Lafaiete(MG).
A partir do dia 5 de agosto, pacientes de Conselheiro Lafaiete e da Microrregião de Saúde de Conselheiro Lafaiete, terão acesso a consultas clinicas oncológicas, assim dando início ao tratamento do câncer.
Com o início dos atendimentos das consultas clínicas oncológicas, será implantado também, o serviço de quimioterapia e novas especialidades de oncologia como cirurgia geral, cabeça e pescoço entre outras.