Projeto de expansão entre Congonhas e Ouro Preto aguarda licenciamento ambiental e tem sido alvo de questionamento de comunidades locais
Tramita na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) o processo de licenciamento ambiental para expansão das atividades da Ferro+ Mineração entre Congonhas e Ouro Preto, na região Central do Estado. Em meio a críticas de comunidades do entorno, a mineradora, que pertence ao grupo J. Mendes, afirma que terá que paralisar os trabalhos no empreendimento caso o projeto não seja aprovado.
O gerente de Meio Ambiente da Ferro +, Tiago Maciel Peixoto de Oliveira, diz que o principal motivo da paralisação seria a exaustão das áreas atualmente licenciadas para lavra, o que inviabiliza a continuidade da operação sem a ampliação a partir de 2027. De acordo com ele, o projeto também é essencial para garantir a manutenção dos empregos, a arrecadação de impostos e os investimentos sociais e ambientais da mineradora na região.
“Sem a expansão, a empresa não terá condições técnicas de manter a produção, o que compromete a sustentabilidade econômica do negócio”, sublinha.
Como citado antes, o projeto, nomeado de Expansão Fase 3, se encontra na etapa de licenciamento junto ao órgão ambiental. A audiência pública ocorreu em julho e os estudos estão em análise pela equipe técnica da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).
Sem mencionar datas, a Ferro+ Mineração ressalta que espera que os prazos legais sejam cumpridos para a emissão da licença. Se receber a autorização, a ideia é iniciar a pesquisa geológica e geotécnica e a ampliação da lavra em áreas já mapeadas por estudos anteriores.
De acordo com a empresa, o cronograma de execução e o capex ainda serão definidos. No Estudo de Impacto Ambiental (EIA), a mineradora estima um investimento da ordem de R$ 288 milhões para implantação do projeto e informa que ele terá uma vida útil de 45 anos.
O que está previsto no projeto?
A Ferro+ atua na região Central de Minas Gerais desde 2000. A empresa produz, atualmente, aproximadamente 4,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, produto destinado para os mercados interno e externo.
A mineradora emprega cerca de mil pessoas diretamente e nove mil de forma indireta. A mão de obra necessária para o projeto de ampliação do empreendimento deve ser composta exclusivamente por colaboradores já atuantes na empresa.
Localizada na divisa dos municípios, nas proximidades da comunidade do Pires, em Congonhas, e do Mota, em Ouro Preto, a Expansão Fase 3 prevê:
- extração de quatro milhões de toneladas de minério de ferro por ano;
- aumento da capacidade instalada da unidade de tratamento a úmido de sete milhões para 13 milhões de t/a;
- implantação de pilha de estéril e rejeito em uma área de 10,94 hectares (ha);
- disposição de 18,7 milímetros cúbicos de estéril e rejeito em cava;
- reaproveitamento de três milhões de t/a de bens minerais dispostos em pilhas de estéril ou rejeito.
População teme impactos da ampliação da Ferro+ Mineração
A possível ampliação da Ferro+ Mineração tem preocupado a população, sobretudo, de Congonhas. Isso porque, se for aprovada, a operação ficará ainda mais próxima da comunidade do Pires. Temendo impactos negativos, vários moradores e lideranças comunitárias criticam o projeto. Eles também pedem que os problemas causados pelo setor mineral na cidade, como a piora da qualidade do ar, o grande tráfego de caminhões e a destruição de mananciais de água, sejam solucionados antes de qualquer expansão.
Conforme o gerente de Meio Ambiente da empresa, todas as atividades previstas seguem os critérios legais de segurança e controle ambiental. Segundo Oliveira, as ações de controle, mitigação e monitoramento previstas são robustas e projetadas para responder adequadamente aos impactos potenciais, assegurando que a interferência do empreendimento no meio ambiente ocorra dentro dos limites aceitáveis, definidos pela legislação ambiental vigente. Ainda de acordo com ele, as medidas de controle e mitigação já adotadas serão intensificadas, adequando-as à nova realidade operacional.
FONTE: DIÁRIO DO COMÉRCIO