Com o avanço do Pix, o dinheiro em espécie perde força no Brasil e o futuro da economia passa a ser questionado por especialistas.
Pix domina pagamentos no Brasil e levanta debate sobre o futuro do dinheiro
O Pix completa cinco anos neste domingo (16). Nesse período, transformou profundamente a economia do Brasil. A ferramenta movimentou bilhões e superou o dinheiro em espécie como principal meio de pagamento.
A mudança levanta novas perguntas. O que está acontecendo? Quem impulsiona essa virada? Quando esse movimento começou? Onde o impacto aparece com mais força? Como o Pix ganhou tanta adesão? E por que o debate sobre o futuro do dinheiro físico cresce tanto?
Os dados mais recentes do Banco Central ajudam a explicar. Eles mostram uma ascensão rápida do Pix e revelam uma mudança de comportamento histórica no país.
Segundo a pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro”, o uso de cédulas e moedas dominava o Brasil em 2021. Naquele ano, 83,6% da população preferiam pagar com dinheiro. Já o Pix aparecia com apenas 46,1% de adesão.
Três anos depois, tudo mudou. O uso do dinheiro caiu para 68,9%. Enquanto isso, o Pix subiu para 76,4% e assumiu o protagonismo na vida financeira dos brasileiros.
Pix cresce rapidamente e muda hábitos da população
Os especialistas afirmam que o avanço do Pix muda a dinâmica da economia nacional, mas não significa, ao menos por enquanto, o fim do dinheiro em espécie. Além disso, o estudo aponta que 53,4% dos brasileiros já acreditam que deixarão de usar papel-moeda nos próximos anos — quase 14 pontos acima do registrado em 2021.
Esse salto expressivo mostra como o sistema instantâneo se tornou parte da rotina. Ainda assim, segundo os analistas, prever o futuro exato dessa transição não é simples.
Dinheiro em espécie ainda tem espaço no Brasil, dizem especialistas
Apesar da força do Pix, especialistas afastam a ideia de que o dinheiro físico vai desaparecer. João Paulo Borges, coordenador-geral de Regulação do Sistema Financeiro no Ministério da Fazenda, reforça essa visão. Ele afirma que a digitalização não elimina o uso de cédulas.
“Eu diria que o dinheiro não vai acabar. O Doc acabou, o TED continua sendo utilizado mas obviamente com percentual muito menor do que antes do Pix. Agora, o dinheiro ainda é muito utilizado por uma parcela da população que não tem um acesso mais direto aos meios digitais, que eventualmente tem uma preferência por pagar em moeda e cédula mesmo”, disse Borges.
Ele lembra que outros países avançaram no digital sem acabar com o dinheiro físico. “De qualquer maneira, o Pix é uma alternativa extremamente importante, e o que a gente observa é a facilidade de se usar. Quando uma pessoa viaja para o exterior e tenta realizar um pagamento, ela observa como o sistema brasileiro é muito virtuoso”, afirmou.
Pix movimenta trilhões e reforça seu papel na economia
Os números explicam o motivo da discussão sobre o futuro dos pagamentos no Brasil. Em outubro, o Pix registrou mais de 7 bilhões de transações, que movimentaram mais de R$ 3 trilhões. Desse total, cerca de 2,7 bilhões foram operações de pessoas para empresas, enquanto 2,6 bilhões ocorreram entre pessoas físicas.
Esses dados revelam que o Pix já se tornou indispensável para atividades do dia a dia, desde compras simples até pagamentos corporativos.
Ferramenta atinge 90% da população adulta e amplia inclusão financeira
Assim como mostram estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Pix alcança atualmente 90% da população adulta brasileira. Esse cenário é impressionante quando comparado ao início da ferramenta: em novembro de 2020, o sistema registrava adesão de apenas 6,2% da população. Três anos depois, ultrapassou 77% e seguiu crescendo.
Além disso, os pesquisadores da FGV destacam que o Pix se tornou fundamental para a inclusão financeira, permitindo que milhões de brasileiros passassem a integrar a economia digital com mais rapidez e menos burocracia.
Futuro do dinheiro: digitalização avança, mas convivência deve continuar
Embora o Pix lidere com folga o uso cotidiano, especialistas acreditam que a convivência entre meios digitais e dinheiro em espécie seguirá por muitos anos no Brasil. Assim, o caminho aponta para uma economia mais digitalizada, mas sem o fim imediato do papel-moeda.
O Pix não apenas transformou a relação do brasileiro com o pagamento, como também redefiniu comportamentos, impulsionou a inclusão financeira e levantou um debate essencial sobre o futuro da economia do país.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS



