Em 2023, principal programa social do governo só não teve alcance maior do que Auxílio Emergencial no auge da pandemia, em 2020. Renda das famílias beneficiadas cresceu 42% frente a 2019
Em 2023, um quinto (19%) de todos os domicílios do país receberam o Bolsa Família, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) divulgados nesta sexta-feira, dia 19, pelo IBGE.
É a maior proporção desde o início da série histórica da Pnad-C, iniciada em 2012. A abrangência só não supera a vista no Auxílio Emergencial, no auge da pandemia: em 2020, 23,7% dos domicílios do país recebiam o benefício de emergência.
Do Auxílio Brasil à volta do Bolsa Família
No governo Jair Bolsonaro, o programa social foi rebatizado como Auxílio Brasil, e chegou a ter o benefício mínimo elevado a R$ 600 por mês, em meados de 2022, em plena corrida eleitoral.
Quando foi recriado, em 2023, o Bolsa Família adotou o valor mínimo de R$ 600 por mês. Também foram criados dois benefícios complementares, para crianças de até seis anos e jovens e gestantes. E foi reajustado o valor da linha de pobreza, para R$ 218, o que permitiu que mais famílias fossem incorporadas ao programa.
Jaciara Guedes, de 27 anos, é beneficiária do Bolsa Família há cinco anos. Moradora de Queimados, na Região Metropolitana do Rio, ela é mãe solo, assim como 83,5% das responsáveis familiares que são contempladas, de acordo com o governo.
Segundo Jaciara, o reajuste do benefício do Bolsa Família evitou a fome:
—Hoje em dia, conseguir um emprego, está sendo muito difícil. (Com esse aumento) pelo menos você não morrerá de fome. O básico você consegue. Comprar um arroz, um feijão. Não consegue ter luxos, mas se sustenta no básico.
Com a ampliação dos beneficiários e o reajuste no benefício, o rendimento domiciliar médio por pessoa das famílias que recebem Bolsa Família foi de R$ 635 em 2023, alta de 14% ante 2022, atingindo o maior valor desde 2012. O avanço na comparação com 2019, último ano antes da pandemia, foi de 42,4%.
Jaciara ressalta que, apesar do aumento, é muito difícil viver somente com o valor do benefício:
— Se a pessoa for sobreviver só do Bolsa Família, ela pode passar fome, pois vai ter que gastar tudo com comida, mas ainda pode ter que dividir o valor com aluguel, internet. E vai fazendo uns bicos para conseguir complementar a sua renda.
Peso da transferência de renda no orçamento familiar subiu
O peso da transferência de renda no orçamento familiar também subiu. Em 2023, 5,2% do rendimento médio de todas as fontes vieram dos “outros rendimentos”, onde são classificadas as transferências, ante 4,6% em 2022.
A principal fonte do rendimento médio segue sendo o trabalho, que se mantém em torno de 75% ao longo dos anos. Em 2023, ficou em 74,2% do total.
FONTE O GLOBO